terça-feira, 18 de maio de 2010
José Bonifácio & Marcelo José
De Mari vem a notícia com imputação supostamente demeritória para o comunicador Marcelo José, acusado de receber como assessor de imprensa da Prefeitura sem comparecer ao trabalho. A garra, o empenho e a atuação do comunicador em defesa de Mari em todos os veículos dos quais faz parte não contam?
Burlar a burocracia faz parte do sistema político brasileiro, isso é fato. Vem da tradição portuguesa, origem de nossas traquinagens. Consta que o grande estadista José Bonifácio só consentiu no movimento pela Independência depois que Portugal suspendeu o pagamento dos empregos que desfrutava sem exercer. Em Portugal, Bonifácio cumpriu vários empregos simultaneamente. Foi inspetor de minas de carvão, professor da Universidade de Coimbra e outros cargos. O inteligente brasileiro falava e escrevia corretamente o latim, o grego, o francês e o inglês, além do alemão. Poliglota como era, José Bonifácio arrumou uma boquinha na Academia de Ciências, por onde comissionou-se para correr a Europa “a fim de adquirir por meio de viagens literárias e explorações filosóficas os conhecimentos mais perfeitos”. Fez turismo à custa do erário, portanto, e por essas e outras foi acusado de prevaricação. Seus inimigos, entre eles Gonçalves Ledo, Marquês de Olinda, Marquês de Sapucaí, Calógeras e o escritor Euclides da Cunha o acusam até de ladrão. José Bonifácio de Andrada e Silva passou à História como o Patriarca da Independência, sem que essas denúncias de que não fazia jus aos salários recebidos tenha manchado sua reputação.
O nosso compadre Marcelo José é dominado por três paixões: o futebol, o radialismo e o mariismo, esta última num plano mais alto. O amor à sua terra natal não o faz esquecer jamais a Pátria de Adauto Paiva. Sempre que pode, comenta notícias de Mari, fazendo o papel de embaixador do Município na capital do Estado.
Ganhar dinheiro sem trabalhar é um sonho de muitos que parece impossível. Para outros é realidade. São cabos eleitorais pagos para bater palmas para seus líderes e outros agentes públicos que recebem sem dar a contrapartida em trabalho. Não é o caso de Marcelo José. Ele beneficia a cidade quando promove o nome de Mari nos meios de comunicação. Está sempre antenado com a vida mariense. Recrutado para o serviço de assessoria de comunicação, recebe seus proventos em troca desse esforço na promoção do Município.
Alguns dizem que o fato atenta contra os princípios morais, mas não se esqueçam de que a palavra “MORAL” deriva do substantivo latino mos, mores, que significa costume. É costume brasileiro receber salários sem efetivamente trabalhar no setor público, isso desde os tempos de José Bonifácio de Andrada e Silva, que afirmou em uma de suas obras: “A política é a filha da Moral e da Razão”. Esses arrumados já não suscitam escândalo algum desde os tempos de D. João VI. E o que é a razão senão a faculdade de compreender e ponderar os fatos?
Alguém escreveu em blog que o nosso comunicador deveria abrir mão do seu alto salário em prol dos cidadãos marienses que trabalham dia após dia com dignidade. Primeiro que não se trata de alto salário, tenho certeza, porque a Prefeitura de Mari tem um patamar salarial mais que modesto. Sei disso não por receber de lá, mas comparando com a realidade de municípios pequenos e pobres da Paraíba. Depois, o trabalho de Marcelo José merece ser remunerado pelo Poder Público e é digno. Marcelo recebe menos do que merece.
Existe a teoria da contraprestação com o contrato de trabalho, segundo a qual, o empregador remunera o empregado porque ele está sob sua subordinação, podendo ou não utilizar a força de trabalho deste, conforme os interesses da produção. Marcelo José é remunerado pela Prefeitura de Mari e presta seus serviços quando requisitado.
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