Daciano Alves de Lima foi um homem imprescindível em Itabaiana. Houve época em que Daciano era presidente de tudo em sua terra: da banda 1º de Maio, da União de Artistas e Operários, da escola de samba, do Clube Carnavalesco Taiobas, da Câmara de Vereadores, da rádio comunitária e do time de futebol. Era tão meritória sua vida em nossa província que mereceu reportagem de página inteira na revista “O Cruzeiro”, a maior publicação da América Latina naquele tempo. Famoso maestro compôs um dobrado em sua homenagem. O título: “Dobrado Presidente Daciano”.
Em memória do seleiro Daciano, mestre também na arte de trabalhar o couro, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar tem a honra de trabalhar com seu neto, o violonista e compositor Vital Alves, um artista incomum. Como um rio crescente de artistas que se unem, ameaçando se tornar um Amazonas de criatividade, o Ponto de Cultura sofre por falta de um espaço digno para acomodar seu teatro, a biblioteca e o futuro museu de arte popular.
Ainda não se dimensionaram, corretamente, a importância de um Ponto de Cultura numa cidade como Itabaiana. Houve uma grande expectativa em torno do projeto do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Os agentes que trabalham nas mais diversas áreas da cultura seriam reconhecidos pelo governo e passariam a receber recursos para ampliar as atividades de acordo com suas conveniências: recuperar espaços físicos, contratar oficineiros, criar informativos. Mas isso não se comprovou na prática. A grana do Governo só pode ser empregada no pagamento de oficineiros e compra de equipamentos. Resultado: não temos onde morar.
Voltando ao mestre Daciano, foi ele quem criou a União dos Artistas e Operários de Itabaiana, pelo menos foi quem deu vida, estruturou e dirigiu por muitos anos. Com sua morte, aos poucos a União foi sendo abandonada, só restando os escombros de sua sede. A prefeita atual, dona Dida, recebeu o prédio por comodato, onde instalou um telecentro. Ficou a área dos fundos, onde bem poderíamos construir a sede do Ponto de Cultura. Vai daí nosso apelo à prefeita e ao Secretário de Cultura, Dr. Pedro: cedam o quartinho dos fundos para o “Cantiga de Ninar”, que o mestre Daciano certamente aprovaria tal gesto de favorecimento a um projeto tão meritório e determinante para nossa vida social e cultural.
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