quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Itabaiana, terra de bamba


O escritor itabaianense Erasmo Souto é um dos que figuram no livro “Artistas de Itabaiana”.


Itabaiana do Norte é pródiga em mestres das mais variadas artes. Temos um gênio sanfoneiro, outro destacado artista das artes visuais reconhecido na Europa, o que é considerado responsável pelo moderno cinema documentário, aquele que atravessou o oceano para beber na fonte da Mãe África, o pós-doutor em teatro, formado nas melhores escolas cubanas e a ceramista cujo trabalho atinge também as fronteiras do mundo. Exemplos não faltam da genialidade do artista aqui nascido. A esses nomes consagrados, juntam-se os artistas populares, alguns de projeção nacional, como o Ratinho da melhor dupla sertaneja da história de nossa música, outros esquecidos, os que não alcançaram visibilidade, nem por isso menos dotados de altíssimo grau de capacidade criadora. 

Fiz um mosaico desses criadores nas mais diversas áreas, com breve biografia destinada a fortalecer nosso orgulho de sermos conterrâneos dessas figuras e registrar para as gerações seguintes nosso rico acervo de nomes de vulto, se não pela fama, mas pela sua importância na construção de nossa identidade cultural. Artistas do teatro de bonecos, do canto de raiz, virtuosos instrumentistas e compositores, escritores, atores, mágicos, palhaços, poetas e mamulengueiros, ícones da cultura popular itabaianense de todos os tempos, registrando breves dados biográficos com a proposta de sistematizar, organizar e divulgar os artistas populares, poetas e intelectuais que publicaram livros em Itabaiana, como um acervo facilitador da construção de um sentido de pertença, cidadania e auto-estima de artistas da comunidade itabaianense. 

O livro “Artistas de Itabaiana” acaba de ter patrocínio aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, da Secretaria de Cultura do Estado, conforme publicado no Diário Oficial de ontem (13 de fevereiro). Vai ser lançado em maio, durante o aniversário da cidade. É minha contribuição à festa da emancipação política da terra do Mestre Mané Risadinha, do mestre Mocó, do pifeiro Cachimbinho e de Galego Aboiador. Os artífices da cultura popular itabaianense, que se fortalecem mesmo na adversidade, estão expressos neste livro. 

Para completar, o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar também aprovou projeto no FIC para realizar o “Cortejo de bois e caboclinhos”, onde registraremos em vídeo documentário os brincantes em ação, tratados com o respeito que merecem, livres da presença incômoda e violentadora de “paredões” e outras parafernálias. O carnaval tradição, historicamente pouco abordado, maltratado e humilhado, terá seu registro digno. É um ato de construção de uma sociedade civilizada que respeita seu passado e suas legítimas expressões artísticas. Se não acreditasse nisso, eu já teria renunciado, há muito, a lutar pela preservação do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.

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