Na aurora do último domingo, dia 14 de dezembro de 2025, encontrava-me em Itabaiana, no repouso noturno de uma pousada, quando despertei de um sonho fleumático. Num curto espaço temporal me vi nos verdes anos, juntamente com dois ou três amigos notívagos, de posse de uma vitrola portátil, na porta de uma paixão, um vinil a tocar: “Noite alta, céu risonho/A quietude é quase um sonho/O luar caia sobre a mata, qual uma chuva de prata/De raríssimo esplendor/Só tu dormes, não escuta o teu cantor/Revelando à lua airosa/A história deste amor...”
De repente, ao meu lado ela fala: “Acorda amor, você está tendo um pesadelo. Desperta para a realidade. Vem escutar um som de verdade.” De meu quarto, dava para ouvir um coro a cantarolar: “Boêmia, aqui me tens de regresso/E suplicante te peço/A minha nova inscrição/Voltei pra rever os amigos que um dia/Eu deixei a chorar de alegria/Me acompanha o meu violão...”
Já passava das duas horas da madrugada, quando da brecha da porta deu para enxergar um seleto grupo de saudosistas seresteiros, composto por mulheres e homens de espírito juvenil, a exibir pelas ruas da provinciana rainha do vale do paraíba, um acústico a despertar lembranças e emoções latentes.
A cena nos faz mergulhar em uma forte nostalgia, revivendo numa espécie de “flash back” a entoar a conexão entre o amor e a juventude, a evidenciar a união entre os diversos estilos musicais a expressar sentimentos universais de saudade e finitude. Todo gosto musical cabe em uma seresta.
Na manhã do domingo, fiquei sabendo que A Serenata da Saudade teve início em frente a Igreja Matriz, com pedido de bençãos à Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade. Depois, percorreu as principais ruas do centro de Itabaiana, num encontro de paz, alegria e harmonia, tudo isso retratado em belas canções do universo seresteiro.
Antes que eu esqueça, o animado coro encerrou a celebração com uma melodia, numa despedida da primavera e abraço a um novo verão: “Vê, estão voltando as flores/Vê, nessa manhã tão linda/Vê, como é bonita a vida/Vê, há esperança ainda/Vê, como é bonita a vida/Vê há esperança ainda...”
Garotos e garotas, peçam
bis, a seresta não pode parar.
Joacir Avelino, itabaianense
da gema.

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