sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pé-sujo no Geisel


Continuando minha série “os notáveis pés-sujos de João Pessoa”, hoje abordo o Bar do Domingos, no Conjunto Ernesto Geisel (com licença da palavra!). Esse “pé-sujo” é especialista em galinha torrada com macaxeira. Seu garçom, o Cícero, é uma figura descontraída e brincalhona. O dono, Domingos, simpático e bom de papo. A turma gosta de beber na calçada, jogando dominó. Uma das qualidades do bar: não tem som. O show é ao vivo quando Roberto da Sucan resolve cantar velhos sucesso da jovem guarda, acompanhando-se ao violão.

No bar do Domingos encontrei Geraldinho, itabaianense filho de Geraldo Auto Peças, um misto de mecânico e político, que se deu bem na primeira profissão, mas derrapou na segunda, conforme testemunha seu filho. Ficamos relembrando histórias de nossa terra com Palhano e outros itabaianenses que moram no Geisel, talvez o bairro de João Pessoa que tem mais moradores oriundos de Itabaiana por metro quadrado de João Pessoa. Por lá aparecem Roberto, Damião do táxi, Sari, Doca, Marcos Veloso e tantos outros filhos da velha “Rainha do Vale”, escondidos no vale do Cuiá.

O papo descambou para política, que é o prato de resistência de todo cabra de Itabaiana, cidade onde o povo gosta de uma fofoca politiqueira como macaco gosta de banana. Geraldinho se diz frustrado com as lideranças políticas de sua terra. Acha que os políticos caíram na descrença do povo por excesso de mentira e esperteza. Na frente de uma garrafa de cachaça, nenhum segredo está a salvo. Disse que ainda bota uma peinha de esperança no ex-vereador Manoel Medeiros. “Se ele for candidato a prefeito, muito provavelmente terá meu voto”, confessou Geraldinho.

O Bar de Domingos é um lugar cálido, na Rua Adauto Toledo, Box 37, perto do mercado do Geisel. Sopra um ventinho quente na calçada onde se bate um papo descontraído sem pressa nem hora, que quase todos dali são aposentados ou desempregados. Pela tranquilidade que oferece, é um oásis de paz no meio da violência dos subúrbios. E se a coisa pegar, chama-se “Justiça”, um mulato de quase dois metros de altura, segurança da rapaziada. Ele costuma dizer que o Geisel é o único bairro de João Pessoa onde tem “Justiça”.

O bar do Domingos é vizinho ao bar do Osvaldo. Lá, o relações públicas atende por Sílvio Lixo, um rapaz inteligente e conversador, comunicador do povão na Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares. O Osvaldo fecha as portas na hora do almoço e só volta de tardezinha. É feito rádio comunitária: não vive preocupado com a concorrência.

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