quinta-feira, 4 de julho de 2013

São João em Itabaiana




Mês de junho, eita mês danado de bom! Eu como nordestino, sempre que acaba me deixa saudade e, em particular esse de 2013 eu o considero histórico porque acendeu no povo brasileiro a fogueira que a mais de 30 anos estava soterrada pelas cinzas da corrupção política, mas dessa fogueira eu falarei depois, agora quero falar de Santo Antônio, São João e São Pedro, santos brasileiros que viveram antes do Brasil nascer.

As atuais festas juninas que homenageiam estes três santos, apesar de toda sofisticação da modernidade das novas tecnologias dos sons instrumentais, das letras de musicas com romantismo de putaria e,  dos vestuários usados que dizem ser matutos, mas que na realidade são verdadeiros espantalhos, as festas juninas ainda são as melhores do ano.

Aqui em Recife, os  festejos são  animados, mas foge muito das tradições. As  quadrilhas são estilizadas, as fantasias não têm autenticidade matuta, parece mais  um grupo de espantalhos bem vestidos dançando. O efeito visual realmente fica bonito, mas, de  junino não tem nada, fica até ridículo a encenação que fazem nas quadrilhas de um casamento  matuto vestido daquela forma, mas tem quem gosta e elogia.

Por essa razão, todo ano procuro um interior para ver os festejos, mas quando falo em interior excluo cidades como Campina Grande e Caruaru e outras, porque seguem o mesmo estilo de Recife. O interior que me refiro é aquele que vejo a fogueira em frente das residências  sendo queimada,  lanternas acesas e penduradas nas janelas, a criançada soltando fogos, e a família ao redor da fogueira conversando e saboreando  as gostosas comidas de milho, cenas escassas, mas ainda existem.

Como eram bonitas as festas juninas na minha cidade natal, querida Itabaiana  que fica lá na Paraíba. Nasci e me criei numa rua que era chamada de “Boca da Mata”, onde várias famílias formavam uma só família, no período junino todos enfeitavam suas casas com lanternas e lampiões coloridos, toda rua era coberta de bandeirinhas coloridas, muitas tinham até o retrato de São João. 

No dia 12 de junho era a festa de Santo Antônio, algumas fogueiras eram montadas e queimadas, as comidas de milho já faziam parte do cardápio e os clubes sociais homenageavam  Santo Antônio  com  baile dedicado aos namorados, já que Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro. Para as moças donzelas, marco da época, esse dia era de fundamental importância,  faziam varias simpatias para descobrir se iriam casar e até mesmo tentavam prematuramente saber o nome do pretendente. A fé e a esperança nessas simpatias eram fortes, acreditavam no resultado, quando alguma coisa saía errada, muitas ficavam tristes e frustradas.
No dia 23 de junho, véspera do dia dedicado ao São João, os festejos eram amplos, toda cidade se enfeitava de bandeirinhas, toda casa armava e queimava sua fogueira, imperava a pamonha, a canjica, o milho assado e cozido, os bolos de milho, o mungunzá,  pé de moleque e o arroz doce. 

Era bonito de ver as  famílias ao redor de uma fogueira, bebendo, comendo, e dançando ao som de um conjunto Pé de Serra (Sanfona / Triângulo / Zabumba). O respeito por São João era tão grande, que muitos pais batizavam seus filhos ao redor da fogueira tomando os amigos como padrinhos, batismo esse tão respeitado quanto o da Pia Batismal celebrado pelo Padre numa Igreja. Eu mesmo, tenho muitos padrinhos e madrinhas de fogueira que sempre os pedi a benção. Era bonito, e emociona lembrar.

A festividade do São Pedro  era singela, mas tornava-se grandiosa  porque  o  Itabaiana Clube , considerado o mais elegante da cidade, fazia aniversário  no dia 29 de junho e,  por essa razão promovia um grande baile de gala para a sociedade local, animado ao som de  famosas orquestras  da época. Esse evento movimentava e agitava o público da cidade, tanto  o que iria  internamente participar como o que iria apreciar do lado de fora do clube, publico este conhecido como a  “turma do sereno”. 

Para todas essas festanças  havia, obviamente, patrocínio e participação dos gestores do município, mas  a população teve a infelicidade de nos últimos 40 anos não saber escolher seu Prefeito e as festas juninas perderam o brilho. 

Esse ano parece que acendeu uma fogueira no fundo do túnel e clareou um pouco a esperança de renascer as festas juninas em Itabaiana. Fui avisado que iria haver festejos. Descrente, não fui até lá, mas minha esposa resolveu ir  e gostou, pois além dos bons festejos, reviu velhos amigos que lá compareceram, cuja foto exponho acima.

Orlando Araújo.

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