quinta-feira, 7 de março de 2013

O ITABAIANENSE TEM MEMÓRIA CURTA

Cavalo pasta tranquilamente na principal praça de Itabaiana, onde um Memorial de Sivuca iria ser instalado.

Já se tornou um clichê afirmar que o brasileiro tem memória curta. Não é diferente com o itabaianense, afinal de contas ele também adora carnaval e futebol. Por isso é capaz de falar com desenvoltura dos principais blocos, escolas de samba e folguedos do passado, como também escalar na ponta da língua os atletas que faziam parte do elenco das equipes do Vila Nova ou União, desde o nascedouro como agremiações futebolísticas.
Em relação aos outros campos das ciências humanas, especialmente a cultura, o itabaianense também se iguala à média dos brasileiros. Com facilidade não valorizam e o pior, esquecem seus ícones. Refiro-me aqui neste espaço, gentilmente cedido pelo compadre Fábio Mozart, a respeito das figuras de Zé da Luz e Sivuca, dois expoentes de destaque da Rainha do Vale do Paraíba, respectivamente, na poesia e na música.
Há alguns anos atrás quando Sivuca apareceu em um programa da rede Globo de Televisão como um dos músicos brasileiros mais conhecidos nos Estados Unidos, além de o considerarem como um dos maiores sanfoneiros do mundo, alguém em Itabaiana se apressou em colocar uma placa na entrada para o município na divisa com o Cajá com os seguintes dizeres, salvo engano: “Bem-vindo a Itabaiana, terra de Sivuca”. Era uma singela homenagem, mas que nos enchia de orgulho, porque ainda hoje é comum as pessoas de outros Estados afirmarem que Sivuca nasceu em Itabaiana, Estado de Sergipe ou às vezes confundirem com Hermeto Paschoal, alagoano da cidade de Lagoa da Canoa.
Não muito distante de Itabaiana, mais precisamente na entrada da cidade de Alagoa Grande, tem uma justa homenagem ao seu filho ilustre Jackson do Pandeiro. Em Guarabira não é diferente, quem lá chega fica sabendo que é a terra de Osmar de Aquino e, por que não falar de Sapé, terra de Augusto dos Anjos, com sua reconhecida homenagem.
Infelizmente na nossa terrinha, até a placa que homenageava Sivuca - um dos seus filhos ilustres, foi retirada, e hoje quem passa por ali ou adentra os limites de Itabaiana, para os mais desatentos, fica a pensar que está adentrando a uma terra de ninguém. Sobre Zé da Luz nem se fala, exceto o Fábio Mozart, que criou uma sociedade cultural para reverenciar o digno menestrel. Lá fora se reverencia muito mais Zé da Luz e Sivuca do que em Itabaiana, a exemplo do Rolando Boldrin, que por diversas vezes traz à lume os versos de Zé da Luz e a música de Sivuca, no programa Senhor Brasil da TV Cultura. Mas santo de casa não faz milagre, já diz o dito popular.
Quem sabe os intelectuais e formadores de opinião, diante desse esquecimento de Zé da Luz e Sivuca - ilustres e desconhecidos filhos, proponham a um dos vereadores da Câmara Municipal de Itabaiana apresentar um projeto de lei tornando Biu Penca Preta  Patrimônio Cultural e Imaterial do município, e nas quatro entradas da cidade se instale uma placa assim: “Você está na terra de Biu Penca Preta, o rei da fuleiragem do Brasil.”
Joacir Avelino Silva

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