quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Considerações a respeito de uma web rádio metida a diferente

O velho Leão no papel de cuspidor de microfone na Rádio Tabajara da Paraíba, aquela que toca cultura

Amigos, o bom vivente não dorme nem à noite. Nada de cochilar que a vida é breve. Aproveite enquanto está inspirado pra continuar pedalando a bicicleta da vida. Mesmo sem momentos de glória, o ciclista essencial faz de sua existência um carnaval, depois transforma em um sarau e vai curtindo as apoteoses, às vezes displicente, afetadamente simples, sem abusar da presunção.

Mesmo limitado, prefiro não ficar esperando o tal do óbvio ululante – o perecimento. Enquanto der, vou por aí cuspindo fogo, dando choque de determinação em mim mesmo de vez em quando. Se deixarem, vou levando a bola, trocando passe com outros malucos. No meu jogo, driblo o lateral, passo pelo beque, engano o volante, boto a zaga no bornal, ultrapasso o goleiro, passo pelo gandula, pelo roupeiro, pelo massagista e dou um banho de cuia na diretoria do time adversário. Só não entro com bola e tudo porque tenho humildade e gol!!! (Como cantava o velho e bom Jorge Benjor).  E ainda tiro meu celular do bolso, aquele todo moderninho, faço uma selfie, posto no Facebook, recebo mil curtidas e corro pra galera.

Resultado: tou tirando onda agora de produtor de rádio web, com a nossa Web Rádio Zumbi que entra no ar dia 7 de setembro, pra comemorar nossa capacidade de botar banca, mesmo nesses momentos acidentais que nossa terra vem passando. Minha íntima intenção é produzir uma rádio que, de tão livre e espontânea, chame a atenção nesse oceano de rádios pela internet. Difícil, né? Pode até dar certo. Ou não. O fato de, a princípio, ninguém nos levar a sério, já é um bom sinal. Quem deu bola pra Santos Dumont quando ele garantia ter inventado um troço mais pesado que o ar, e que, no entanto, podia revolutear pelas nuvens? Se não der pedal, “é levantar a cabeça e partir pra outra, pensar no próximo jogo”, como diria aquele perna-de-pau, quase compreendendo e aceitando os mistérios da mediocridade.

Ou seja, estamos tramando uma grade de programação absurdamente genial, maluca e idiota. O carro chefe da programação será a “Reunião”, mesa redonda, quadrada ou retangular, com um mediador fraco e dois ou três sujeitos mal educados e pior informados falando de tudo, ou de nada. No meio, uma garrafa de puro malte escocês ou um vinho regular, para o cumprimento do tradicional costume da humanidade de se inebriar com os bons espíritos enquanto muda-se o mundo ou se predispõe para uma ressaca sem culpa. Depois, instala-se a fita cassete e o disco de vinil do rock experimental de Gilberto Bastos e sua banda “Venus in fuzz”, um som fugaz que se chamará “Peixe elétrico”. Por fim, e não finalmente, daremos lugar à assembleia dos crentes e incrédulos para veicular a conversa dos que querem, com justiça e educação, falar dos seus deuses e suas crenças, ou a falta disso. Eis o “Caldeirão dos mitos”, o único e verdadeiro programa ecumênico da rádio web no planeta terra. Sem falar no “Sarau das Almas”, com poesia, literatura e performances de artistas da quebrada, e a “Rádio Barata no ar”, um show de jocosidade inconsequente.

É pouco? Achamos que não, mas a dúvida permanece: teremos garra, talento e temeridade para sustentar uma grade de programação desse nível? Se eu não fosse tão cheio de pruridos e escrúpulos, diria que tudo é possível quando se tem um prodígio na equipe.



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