Soneto do ano vindouro
É tão instável, fútil,
passageiro,
Esse contar de janeiro a
janeiro!
Enfadonho e tosco anuário,
Mero devaneio de
calendário.
Vamos sonhar de modo
aleatório
Neste romper de ano
ilusório
Como se a vida fosse
estatutária,
Fora da ordem e lógica
planetária.
Doce ilusão de controlar a
vida,
Dias contados, meta aferida
Nessa quimera do tempo e do
espaço.
Essa ideia de continuidade
É que organiza minha
identidade
No espaço temporal que
traço.
F. Mozart
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