sexta-feira, 26 de abril de 2024

sábado, 20 de abril de 2024

Academia de Sapé recebe novos membros e comemora 140 anos de Augusto dos Anjos

 


A Loja Maçônica Barão do Rio Branco, em Sapé, foi palco da cerimonia de posse de José Alcir dos Anjos, Amanda Roberta Araújo, Egberto Lima e Fábio Mozart como novos membros da Academia Sapeense de Letras, Artes e Cultura,  instituição presidida por Ana Almeida. O evento contou com apresentação dos músicos Ocimar Santana e Matheus Mouzinho.

O Presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, Fábio Mozart, ocupa a cadeira nº 24, cujo patrono é seu pai, jornalista Arnaud Costa, já falecido. No discurso de posse, Mozart declamou poema cordelesco sobre seu patrono e genitor.

A solenidade faz parte das comemorações dos 140 anos do poeta Augusto dos Anjos, patrono da Academia Sapeense de Letras, Artes e Cultura. Considerado um dos maiores poetas brasileiros da história, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu em 20 de abril de 1884, no antigo engenho Pau D’Arco, atual município de Sapé. Em 1912 lançou a sua primeira e única obra, intitulada “Eu”.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

domingo, 14 de abril de 2024

sexta-feira, 12 de abril de 2024

sexta-feira, 5 de abril de 2024

segunda-feira, 25 de março de 2024

sexta-feira, 22 de março de 2024

segunda-feira, 18 de março de 2024

sexta-feira, 15 de março de 2024

RÁDIO BARATA NO AR – 452

 


Barata maconheira pede ajuda ao Ministro André Mendonça para bolar um fininho 

 

RÁDIO BARATA NO AR – 452

https://www.radiodiariopb.com.br/barata-lanca-perfume-para-quem-busca-odor-sofisticado-programa-radio-barata-no-ar-edicao-no-452/

 

 

sexta-feira, 1 de março de 2024

domingo, 25 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

domingo, 18 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

domingo, 4 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Improváveis leitores de cordel


Admirei o nome do rapaz, caixa do banco: Arceu Amoroso Lima. Tivemos um Alceu Amoroso Lima que adotou o heterônimo também estranho de Tristão de Athayde, intelectual e imortal da Academia Brasileira de Letras, cuja matéria expirou em 1983. “Desculpe a curiosidade: por que seus pais deram esse nome a você?” “Meu pai era admirador do Alceu, um pensador católico liberal muito conceituado. Arceu se deve a um equívoco do escrivão ao datilografar o nome no registro de nascimento. Casualmente, só havia um formulário disponível, e eu fiquei com esse nome que me embaraçou por algum tempo, mas depois me habituei”.

Foi a segunda vez que fui a essa agência, na cidade Solânea. Na primeira, passada no guichê de atendimento, deixei com outro moço um pacote com alguns cordéis de minha autoria, cortesia do novo cliente a fim de se enturmar. Na segunda ida, fui ao caixa onde operava o Arceu. Reconheceu meu nome. “É o poeta cordelista? Li todos os cordéis que deixou aqui com um colega. Aliás, os funcionários da agência fizeram rodízio com a coleção de folhetos. Gostei muito!” Meu leitor Arceu mostrou que é qualificadíssimo ao entender que essa manifestação da cultura popular brasileira se modificou, busca novos leitores até onde o avanço da tecnologia abre outros espaços em mídias e suportes modernos. O cordel ainda toca seu ritmo com acordes simplificados da poesia popular e a métrica sagrada, mas o discurso chega a ser até vanguardista. Tem poeta inventando o cordel do futuro, em estilos inovadores, sem perder a ternura dos versos singelos que identificam este gênero literário. Isso Arceu viu no meu trabalho.

O folheto é uma brochura de 8 páginas, até 64 páginas, que antigamente chamavam “romance”, com capas ilustradas geralmente por gravuras em relevo, onde a imagem é esculpida em uma matriz de madeira. Hoje em dia, a produção desses folhetos e o ambiente de circulação mudaram muito. Não se encontra mais folhetos nas feiras. Ninguém imprime mais cordel em tipografias toscas do interior. O autor roda seu folheto em casa, de forma artesanal, em seu computador. O público não é mais majoritariamente a classe pobre, semianalfabeta. Como uma atividade conectada ao belo, passou a ser absorvida e apropriada também por gente instruída. E quase não se faz mais folheto visando ganhar dinheiro. Escrever, publicar cordel é mais pela satisfação de consagrar-se a uma arte literária tradicional. Vai distribuindo para um público novo, que começa a reconhecer a beleza e a qualidade da poesia narrativa do cordel brasileiro. Vender folheto, só em salões de artesanato ou ambientes culturais alternativos, para turistas ou pesquisadores. Assim, o poeta editor geralmente não tem uma estrutura comercial e profissional. Distribui sua produção como um cartão de visitas. E o autor não reserva o direito de propriedade. Pelo menos no meu caso, nos meus folhetos, eu deixo a intenção clara de liberar aquela produção cultural para quem quiser copiar, plagiar ou intertextualizar à vontade. Meu cordel não faz parte da indústria cultural, não pretendo massificar minha arte. Os folhetos do velho poeta Mozart estarão sempre fora da economia de mercado e dentro da economia da camaradagem e congraçamento. Mesmo porque consigo, em tese, colocar minhas mensagens poéticas ao alcance do mundo todo, pela grande rede. Todos os meus folhetos estão na plataforma Recanto das Letras ( www.recantodasletras.com.br ).

O cordel é um fenômeno literário nordestino que tem sido ressignificado. Não tanto para superar padrões estéticos, tampouco dar novo sentido às sextilhas do cantador de rua ou balizar fronteiras entre literatura erudita e popular, que jamais existiu. Devemos respeito ao velho estilo de escrever poesia narrativa com cheiro de mato, com jeito, cadência e sotaque das quebradas do sertão melodioso. Só que moro numa cidade cosmopolita e meu discurso naturalmente acontece conforme interesses de uma geração cada vez mais digital. Meu foco é levar cordel pra quem nunca leu um folheto. Uma espécie de desenvolvimento sustentável, porque se alguém consome um produto ruim ou desinteressante, jamais voltará a tentar absorver esse conteúdo. Leandro Gomes de Barros fez o grande cordel do século vinte. Ainda hoje tem leitores, mas Leandro é Leandro. E conhecia macetes que a gente até hoje não sabe, como fidelizar leitores e viver disso. Não pretendo fazer o grande cordel do século vinte e um. Contento-me em fazer leitores inesperáveis e improváveis como os funcionários de um banco.

RÁDIO BARATA NO AR – 446

 


Barata sai no bloco da Rola Cansada

RÁDIO BARATA NO AR – 446

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terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Ode ao poeta Medeiros Braga



Aos treze anos de idade, o menino Luzimar sentiu cair lágrimas pelo rosto no meio da feira de Nazarezinho, ouvindo o folheteiro cantar “A seca do Ceará”, de Leandro Gomes de Barros, o rei da poesia do sertão e do Brasil, conforme afirmava Carlos Drummond de Andrade. Pra um garoto alesado naquelas brenhas, bestar no meio da feira era viajar por múltiplos universos encantados, sendo que o folheto enchia a caixa dos peitos do matuto da emoção mais escarafunchante e empazinadeira que se sentia naqueles tempos do ronca. A pessoa corria o sério risco de virar também poeta, e foi o que aconteceu com Luzimar. O garoto foi pegando o manejo dos versos e começou a rascunhar as primeiras estrofes. Desde as primeiras leituras, Luzimar começou a entender que os fila de uma égua dos capitalistas faltavam com o respeito ao povo trabalhador, e começou a escrever folhetos invocados com essas injustiças da gota serena. Desde mocinho, Medeiros Braga direciona seu discurso poético popular como porta-voz das questões sociais e essa voz social, marcada pela poesia da língua, explorou temas inspirados em ocorrências históricas, como o “Massacre de Caldeirão de Santa Cruz do Deserto”. Sua poesia socialista fala de insurreição no campo, exaltação à luta, capitalismo, poder e exploração, miséria do Nordeste, e por aí vai. 

O cordel sempre foi, naturalmente, a voz do povo. A sociedade dominante dá o tom nas comunicações, em todo o tempo foi assim, mas, o papel da poesia de cordel na luta do oprimido, aquela coisa de sentir dor pela dor dos outros, é frequente nos folhetos de feira. Medeiros Braga se sobressai pela coragem e consciência política. Passou setenta anos rimando combate com denúncia. Talvez por isso jamais foi lembrado para ingressar na Academia Paraibana de Letras, lugar em que a literatura de cordel não entra nem pretende entrar.

Em sua biografia se lê: “Como um estudioso e conhecedor in loco dos problemas agrários que agridem o homem do campo, Medeiros Braga escreveu um romance onde os agricultores, empobrecidos pela troca desigual, são instados a se insurgir contra as elites dominantes. Medeiros Braga afirma que ‘A poesia precisa ser o arauto da liberdade, o brado ardente contra os usurpadores dos direitos do povo’. O artista dedica-se a um trabalho educativo e de conscientização política do povo.”

Em recente reunião com o jornalista Fernando Moura, Presidente da Fundação Casa de José Américo, sugeri que aquela entidade, em coparticipação com a Academia de Cordel do Vale do Paraíba, armasse um evento pai d’égua pra homenagear Medeiros Braga enquanto ele ainda está pelejando em cima desse planeta, porque é um poeta raçudo, autor de uma obra de sustância, e mesmo assim seria só triscar no que merece de consagração e encômio esse bardo vanguardista e insurgente.

Em artigo para o site da Academia de Cordel, reiterei que um artista desse nível merece ter seu nome imortalizado, esse que, pela sua poética social, comparo com o francês Victor Hugo, o espanhol Federico Garcia Lorca e o russo Vladimir Maiakovski, levando-se em conta, claro, as devidas larguras, profundidades e extensões de cada um. Conheci o trabalho de Medeiros Braga por acaso, numa feira de artesanato há uns dez anos. Acho que foi inspirado no velho cordelista combatente que compus o folheto Biu de Pacatuba - Um herói do nosso tempo, contando a história de Biu de Pacatuba, “herói popular, agricultor que briga com os poderosos donos de latifúndios na região de Sapé-PB; seu trabalho ombro a ombro com o também herói João Pedro Teixeira, seu companheiro de lutas, e o papel que representou na conscientização daquela população submetida a tantos anos seguidos de exploração”, conforme escreveu Clotilde Tavares.

 Alguns podem dizer que os conceitos políticos de Medeiros Braga estão defasados, a linguagem e o ritmo dos seus versos estão ultrapassados. Até as agruras das massas exploradas são outras. Os vilões mudaram de roupa, estão irreconhecíveis nos seus modernos trajes cibernéticos neoliberais em novas fronteiras onde a terra pode até ser redonda, mas o mercado continua soberano, com seus valores culturais conservadores. O tempo passou e os poetas do igualitarismo se tornaram démodé. Medeiros Braga não é poeta da moda, nem ao menos se diz de esquerda. Ferreira Gullar, esse poeta monstro: “Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é”. Medeiros não pede ato público de admiração e respeito. Eu peço por ele. Em nome da decência e do bom cordel brasileiro ativista.

 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

domingo, 14 de janeiro de 2024

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024