BARATA
COM MEDO DE GOLPE SE ASSUSTA COM A PRÓPRIA SOMBRA
Rádio
Barata no Ar – Edição 141
BARATA
COM MEDO DE GOLPE SE ASSUSTA COM A PRÓPRIA SOMBRA
Rádio
Barata no Ar – Edição 141
DESCOBERTO O VIRUS DO IPIRANGA, UM
PATÓGENO BARATA VERDE OLIVA CAMUFLADA
Rádio Barata no Ar –
Edição nº 140:
MINISTRO ONYX LORENZONI QUER FAZER LOCKDOWN DA BARATA
Rádio Barata no Ar – Edição nº 139:
Rádio Barata no Ar, uma nova dinâmica supositoriamente trabalhando na suposição de que nossos neurônios foram suspensos
EDIÇÃO Nº 138:
Quem é de direita toma cloroquina; quem é de
esquerda, tubaína. Quem é ignaro toma genocidra
RÁDIO BARATA NO AR – EDIÇÃO Nº 137:
Etários
deslizes
na meia idade
não é tatuagem
são varizes
Bato e apanho
eu faço parte do gado
mas não do mesmo rebanho
neutros indefesos
os radicais livres
foram presos
cúpida apneia
sonhou com a puta
deu gonorreia
nem para o crime
talento tem
roubou um banco
virou refém
a placa avisa,
nota insuspeita:
muito cuidado,
cão de direita
Subtenente
de infantaria
tropa gania
ele mugia
novo partido
vai ao Planalto
pagode vil
Partido Alto
GLOBO
Teu arco rondo
mundo circuito
seu ciclo impondo
anel psique
útero típico
redondo dique
terra redonda
céu globular
gorda anaconda
lua roliça
astro redondo
que enfeitiça
na bola emblema
em qualquer giro
vida poema
F.M.
GENOCIDA E INSETICIDA SE COMBINAM PRA ACABAR COM A BARATA AGUERRIDA
Rádio Barata no Ar – Edição nº 136:
ROBÔ ROBINHA INTEGRA O ELENCO DA RÁDIO BARATA
Rádio Barata no Ar – Edição nº 135 – Nesta quinta-feira (
BARATA DOA SANGUE PARA TRANSFUSÃO EM BOLSOMINIONS
Rádio Barata no Ar – Edição nº 133:
RONDÓ DA DOR
Rei
boquirroto
um
povo mudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
prazer
pejoso
tempo
bicudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
alma
sentida
gozo
sisudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
o
pesar rasga
pontiagudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
rimas
e versos
como
escudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
psicopoeta
sem
conteúdo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
dor
diluída
não
me acudo
não
é nada, não é nada
mas
é tudo
f.m.
CACHACEIRO CRIA
NOVO HINO NACIONAL BARATAL
Tome sua dose na
Rádio Barata no Ar – Edição nº 132
BARATA
E ABELHA MARCAM DIA DA MULHER COM QUADRÃO DA BRASILEIRA
Rádio
Barata no Ar – Edição nº 130:
Cordel do Alzheimer e outras bobajadas poeméticas
Eu não sou tão feio assim
Com esse ar de babaca
Mal-apanhado na foto
Fealdade se destaca
Sorumbático e velho
Porque estou de ressaca
* * *
Sendo homem de palavra e de respeito
E que nunca se safou de compromisso
Meu martelo a galope insubmisso
Passa em cima de todo preconceito
Alargando o meu caminho estreito
Mastigando calango no espeto
Eu te sirvo o pãozinho com brometo
Galopando o cavalo morticínio
Encherei de caveiras meu domínio
E prometo não cumprir o que prometo
* * *
CORDEL
DO ALZHEIMER
A memória malogrando
E pelo que estou vendo
Vai levar cartão vermelho
Pelas faltas que anda tendo
Eu só sei que nada sei
E o que sei não tou sabendo
Já esqueci o meu nome
A mente só tem remendo
Depressão e pandemia
Vai a cabeça moendo
Eu só sei que nada sei
E o que sei não tou sabendo
Essa doença de Alzheimer
É um distúrbio horrendo
É viver cada segundo
Como se o terminal sendo
Eu só sei que nada sei
E o que sei não tou sabendo
(Mote de Bebé de Natércio)
* * *
A cadela ditadura
Volta e meia aparece
Com o rabo entre as pernas
Defendendo com uma prece
A moral e bons costumes
Enquanto o abismo tece
* * *
Quando
a máscara cai
a
tensão sexual
se
desfaz
terapeuta
de casais
registra
na caderneta
e nos
anais
o que
rola na alcova
cheira
a corpos fusiformes
e
anchova
* * *
Pescador
recreativo
não assa o
peixe
engole vivo
* * *
Rosto
simbólico
minha face
é um poema
fingido e
melancólico
antes que
desintegre
quem
socorre a minha cara
tão
desalegre?
Cara de
tacho
tão sem
graça e sem chalaça
qual
populacho
Cara
amarrada
de sorriso
acorrentado
a alma
atada
Inconformado
ao rosto
resta
ar
revoltado
rever as
rugas
rosnar ao
rei
e aos sanguessugas
(Para Pádua El Gorrion, a partir de roteiro poético de sua autoria)
* * *
Pra não
ficar bolado na quebrada
Foi
passear com sua paranoia
Furtivo no
seu cavalo de Troia
Em plena
suburbana pátria armada
Cruzou com
gata quente e abrasada
Mistura de
putona e de atriz
Mundana
marafona de raiz
“Me chama
de Natal e me conduz
Despe o
Papai Noel, apaga a luz
Que eu te
mostro o que é noite feliz”
O jornalista e cordelista da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, Fábio Mozart, lançou o livro de crônicas ‘Retrato molhado’ pela Editora Clube dos Autores. A obra se compõe de trabalhos publicados pelo autor no seu blog Toca do Leão e no jornal A União, de João Pessoa, abordando temas da atualidade, arte e cultura e episódios acontecidos em sua cidade adotiva, Itabaiana, já que ele é pernambucano de Timbaúba e radicado na Paraíba há mais de cinquenta anos. No livro foram incluídas crônicas inéditas com temas variados e atemporais.
O poeta Bento Júnior prefaciou a obra. “Meu compadre Fábio Mozart tem uma biografia portentosa, à luz da cultura paraibana. Criou grupos teatrais em cidades e no campo, com o Movimento de Trabalhadores Rurais, ergueu casas de espetáculo, escreveu peças, poetizou a vida, criou a Academia de Cordel e botou fogo no movimento de rádios livres e comunitárias. Tenho o prazer de trabalhar com ele no rádio e nas lides poéticas, numa parceria assim um tanto quixotesca em meio ao obscurecimento da cultura neste país nos últimos tempos”, testemunhou Bento Júnior.
Com 116 páginas, o livro pode ser adquirido pela internet no endereço eletrônico:
Rivaldo Bandeira (à direita) com seu irmão Zequinha Bandeira (Foto: Sto. Barroso)
Os tipógrafos eram trabalhadores letrados, e por isso politizados,
numa época em que o acesso a informações não chegava para a imensa maioria do
povo. A primeira greve de trabalhadores no Brasil foi da categoria dos
tipógrafos, no início de 1858. Eles reivindicavam aumento de um mil-réis por
dia e paralisaram os jornais cariocas. Sob a influência das ideias anarquistas
e socialistas, a classe dos tipógrafos se considerava como uma espécie de
aristocracia operária.
A greve dos tipógrafos, no final do século dezenove, teve como
consequência a demissão dos grevistas. Eles fundaram uma associação e passaram
a publicar seu próprio semanário, o Jornal
dos Tipógrafos, primeiro jornal alternativo do Brasil. Lembro desse
episódio histórico para celebrar os cinquenta anos do meu Jornal Alvorada, editado na cidade de Itabaiana do Norte, na gráfica
do mestre Rivaldo Bandeira.
Meu pai foi compositor na tipografia de Nabor Nunes Machado, em
Itabaiana. Era muito amigo do outro tipógrafo, Rivaldo Bandeira. Devido a
alguns ranços políticos, ele não aprovou minha ideia de editar um jornal. Recorri
à tipografia concorrente. O mestre Rivaldo Bandeira acolheu meu projeto
adolescente e ainda me ensinou a arte da tipografia. Fui iniciado como
impressor de manual, chapista e cortador. Nos anos seguintes, quase virei
gráfico de offset, mas acabei caindo
na estrada de ferro. Fui ganhar a vida correndo atrás de trem.
O corpo gráfico da tipografia de Rivaldo Bandeira era constituído
dele mesmo e do Ronaldo Brão, popular Sabugo.
Ronaldo Brão passou toda a vida trabalhando na oficina de Rivaldo, até a
morte deste. Quando o mestre Rivaldo desencarnou, deixou em testamento a
gráfica para seu devotado e constante colaborador.
Por meio de amigos em comum, entrei em contato no Facebook com a
doutora Eliane Pessoa Bandeira, filha do mestre Rivaldo. Morando atualmente em
Crateús, no Ceará, Dra. Eliane se diz colecionadora de memórias de sua terra e
estimou saber que sou filho de um amigo do seu pai. “Rivaldo Bandeira era um
humanista e democrata, dono de uma cultura muito acima de sua escolaridade. Sem
ser pedante, entendia de tudo. Conhecia o mundo sem jamais ter se ausentado de
Itabaiana. Era simpático aos conceitos comunistas, tinha ideário de igualdade”,
recorda Eliane.
Quando o corpo de Rivaldo Bandeira foi velado, seu gato Mimi permaneceu durante todo tempo ao lado do caixão. Acompanhou o cortejo até o cemitério e nunca mais voltou para casa.
Este relato sobre um homem de bem que passou a vida compondo,
paginando e imprimindo a crônica do melhor que temos em termos de dignidade e
racionalidade humana, vai dedicado aos profissionais técnicos em processos
gráficos, reportando a figura de Cassiano Hipólito Ribeiro dos Santos, um dos
primeiros operários gráficos deste jornal A
União, único jornal oficial ainda existente no Brasil, conforme notifica a Wikipédia. Quando for erigido o museu da
imprensa paraibana, é de justiça que os nomes dos mestres Cassiano e Rivaldo
Bandeira venham a constituir esse acervo, com a distinção que merecem.
Guia prático de como ser um imbecil sem mestre no novo normal
RÁDIO BARATA NO AR – EDIÇÃO Nº 129:
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Jurivaldo, folhetista do sertão de Pernambuco, artista que inspirou esta crônica |
O folhetista na verdade é um irrealista, vive fora das coisas concretas, apesar do novo normal. Ele se diz historicista das fenomenologias do interior, um culturalista matuto. E folhetista, que é profissão extinta. Devido à pandemia, foi exilado para o cocuruto de uma serra no brejo da Paraíba. Enquadrado como aposentado inútil, passa o tempo ocioso escrevendo versos também dispensáveis.
De manhãzinha, ocupou seu lugar na praça, com sua banquinha de folhetos, seu tamborete e a mochila com a produção. Camisa preta, boné preto, calça preta e chinelos de dedo, a bengala branca completava o vestuário de um cego decoroso. Não era cego. À primeira vista, sim, mas na realidade só um velho desvairado tentando expor sua mercadoria excêntrica naquela pracinha quase sem sentimento de comunidade. As praças hoje em dia perderam a alma, sentiu? Passa o homem apressado, nem olha para os cordéis. A mocinha atenta ao celular, alheada, também não notou a presença do folhetista, um poeta invisível na praça fria.
O velho folhetista arruma seus livrinhos na banca. Títulos fantásticos, outros zombeteiros, trocistas. A visão de mundo do folhetista estava ali. Meditava sobre isso a partir de uma informação que chegou pela internet: o arquiteto japonês Hajime Narukawa recentemente atualizou o mapa do mundo, que é de 1569. Nessa atualização, a informação popular não foi levada em conta. Grupos de poder e importância não se importam com a visão popular. Pedaços de história sob o ponto de vista do povo, ali, expostos na praça. Narrativas metrificadas e rimadas com cacos de crônicas das transformações e peculiaridades da sociedade brasileira, seu produto cultural que não transita mais no meio do povo como antigamente. Sentiu ligeiro constrangimento. A impressão de que não passa de um museu de memória e registro da história de uma sociedade boçal e ignorante.
Os folhetos de títulos berrantes com suas capas coloridas, ali expostos ao desprezo dos passantes. Poucas pessoas desviavam os olhos para a banquinha do folhetista de preto e seus cordéis falando de temas atuais: “O poeta que ficou maluco na pandemia”, “O besouro embola bosta que fez pouco caso do coronavírus”, “O Doutor Penico Branco e a cura do Covid-19”. Se o leitor quisesse ler sobre sua realidade próxima, estava ali o folheto contando a história da cidadezinha desde sua fundação. Nada! Atenção zero. O provecto cordelista percebeu que sua figura era impercebível naquele ambiente. Pertencia a um tempo que não existe mais.
Sem vender nenhum cordel, o velho folhetista recolhe a produção na mochila e se ajeita para se arrastar com a bengala de deficiente, refletindo no significado da vida e no resto de galinha assada que comeria no almoço. De repente, veio inesperada inspiração. O folhetista resolveu cantar trechos de folheto, como se fazia antigamente nas feiras do Nordeste. Todo folhetista era também declamador. E o nosso poeta não tem a voz ruim, até que prima pela afinação. Temperou a goela e cantarejou dez estrofes do seu folheto “A chegada do viúvo no céu da viúva”.
Porque poeta não morre
Apenas muda de plano
Muito acima da visão
Precária do ser humano
Terra não comensurável
No santo meridiano.
Entre astros e estrelas
O viúvo procurou
Sua querida mulher
Nos sete céus encontrou
Em linda senda florida
Sua alma penetrou.
As
pessoas, enfim, aglomeraram um tantinho em volta da banca do folhetista e sua
toada antiga. Uma senhorinha romântica comprou o folheto.
--- Muito bonito, viu? É o senhor o viúvo?
O macróbio poeta com
seu traje negro riu encabulado e saiu arrastando seu peso morto com amparo da
bengala branca.