Encontrei um amigo velho no Facebook

Walter Florêncio em foto recente no Facebook, dando uma de bacana nos shoppings cariocas.

Walter Florêncio era locutor da Rádio Difusora Nazaré de Itabaiana, onde eu trabalhei também como programador, locutor e redator. Há mais de 30 anos não sei de notícias de Walter. Hoje ele me aparece no Facebook, querendo ser meu amigo. Vai te lascar, Walter! És meu amigo desde o tempo em que a gente abusava no cabaré de Odete em Itabaiana, tomando cachaça com feijão verde e tripa assada, ouvindo Nelson Gonçalves e roendo pelas prostitutas mais afamadas daquele antro onde perdi toda inocência. 

Walter Florêncio morava na rua da Palha, vizinho de Biu Penca Preta e Marcos Veloso. Walter sempre foi um cara cheio de mumunhas. A gente alcunhou de Munganga. Voz grossa de locutor de rádio das antigas, foi por muito tempo a estrela da Difusora Nazaré de Ivo Severo. 

Walter gostava de se expressar fazendo caretas, por isso a gente chamava Munganga, palavrinha que faz parte do Nordestinês. Romântico, Munganga apaixonou-se por uma bela prostituta, e por ela chorava noite e dia. Era de se lamentar a visão daquele negão falando ao microfone da difusora e as lágrimas caindo de quatro em quatro, de pura saudade da putinha. Na mesa do bar, um dia ele confessou: “Jamais em tempo algum vi uma moça mais bonita, tão linda, nem na terra nem no céu, só no cabaré de Nevinha Pobre”.

Meu amigo Walter era uma pessoa assim, meio desligada da tomada. Certo dia, viajou para o Rio de Janeiro, foi viver com um tio, depois soube que andou por Portugal e outras cidadezinhas da Europa. O que eu sei é que Walter é um cara cheio de bacanidade. Nunca mais apareceu em Itabaiana. Sua mãe, dona Socorro, parece que também mudou de vida, deixou a terrinha.

Um abraço pra tu, Walter! Marcos Veloso manda dizer que está te esperando com um litro de escocês, que ele agora é granfino, só bebe uísque.