Assim
definiu o jornalista Gutemberg Cardoso sobre Rosaura Ferraz Cabral, Dona Rô,
falecida ontem. Nesta hora de dor, quero lembrar a figura educada, a mulher
elegante com seu sotaque paulista atacando de surpresa nos programas de rádio, reclamando
dos problemas do seu bairro, tomando para si a briga dos outros, chamando a
atenção dos gestores públicos irresponsáveis. Era incansável a nossa Rosaura em
sua luta diária. Chamava às falas os vereadores em seu próprio campo, a Câmara.
Chamava à responsabilidade até o próprio prefeito quando havia a oportunidade. Merecia
tratamento especial por parte dos comunicadores de rádio. Todos a tratavam com
respeito e carinho.
Determinado
imoralíssimo jornalista andou debochando de nossa líder comunitária, chamando-a
de Dona “Rola”. Pegou processo pelas fuças, para aprender a respeitar as
pessoas de bem. Teve que se retratar e tudo o mais.
Há
nove anos, dona Rô escrevia uma coluna em defesa do consumidor no meu jornal
“Tribuna do Vale”. Dessa forma, foi uma das primeiras pessoas que acreditou em
nosso projeto de comunicação, tinha um carinho especial pelo jornaleco. Sonhava
em expandir a circulação, sempre brandindo a bandeira dos direitos do cidadão.
No
começo do ano, faleceu seu esposo. Encerra-se assim sob o signo da morte a história
dessa guerreira pelo bem comum, mas só aparentemente. Seu exemplo ficará como
uma mulher que nunca baixou a cabeça para os esquemas corruptos e autoritários.
Por formação e informação, era uma senhora destacada pela firme convicção de
que só ocupando diretamente os espaços midiáticos o povo será ouvido.
Vá
em paz, dona Rô, aquela que gastou suas melhores energias para dar voz ao povo
simples, que precisa dos serviços públicos e é tão humilhado. De coração aberto
e triste, tenho que dizer: nosso capital humano ficou mais pobre. O raio
cósmico da vida mata e ressuscita os que são especiais. Acabo citando Guimarães
Rosa: “As pessoas de bem não morrem, ficam encantadas”.
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