Jornalismo jogado às feras e aos bufões da picaretagem
Tem um sujeito corpulento,
com cara de buldogue, voz fininha de palhaço de circo, jeito cínico e postura
temperada com o mais legítimo molho da picaretagem, que se apresenta em um
canal de televisão de João Pessoa fazendo trejeitos cômicos para agradar ao seu
público. Sabedor de que esse público não tem discernimento, é um povo
crônicamente deseducado e sem condições de profundidade, o “comunicador” deita
e rola em cima das chamadas “camadas inferiores” da sociedade.
Esse rapaz veio do sertão
com fama de levantador de audiência, mas trouxe também a fama de chibanca, que
é o cara enganador, pilantra, aquele que aluga sua garganta embusteira e sua
cara de pau aos propósitos mais enganadores e inconfessáveis em troca do vil
metal.
Está ganhando a vida aqui em
João Pessoa. Dizem que está bem, carrão novo, casarão na praia, relógio caro no
braço e contratos de gaveta para defender ou atacar, dependendo de quem paga.
Minha comadre Margaret
Bandeira viu de passagem o garoto na TV incentivando a violência, mandando
fazer “justiça com as próprias mãos”. Ela protestou no Facebook. Não achou
graça nenhuma a cena em que o “comunicador” explicava didaticamente como se
deve proceder para castigar os delinquentes. Ele mostrava com um pedaço de pau
como se faz “justiça com as próprias mãos”. Lição de linchamento ao vivo no
horário nobre. O rapaz gordinho ensinando a assassinar indivíduos sem
procedimento judiciário legal e em detrimento dos direitos básicos de todo cidadão.
Logo depois, outro
“comunicador” da mesma laia explicava que, para resolver o problema de animais
abandonados nas ruas, era só jogar os gatos e cachorros sem dono para alimentar
os leões do zôo da Bica. E assim caminha a imprensa de João Pessoa.
Outro dia, no programa de
rádio em que participo, entrevistamos o vice-prefeito eleito da Capital,
jornalista Nonato Bandeira. Instado a comentar sobre a possibilidade da criação
de um Conselho Municipal de Comunicação na Paraíba, Bandeira foi taxativo: “Sou
absolutamente contra mexer com a imprensa no setor da iniciativa privada.
Conselho de Comunicação deve servir para fiscalizar as rádios, televisões,
sites e jornais públicos e estatais”. Para ele, o mercado é realmente sagrado.
Mesmo quando se trata de jornalismo exercido por delinquentes que estupram a
boa fé dos seus ouvintes.
Anteriormente os programas das rádios FM tinham um nível melhor que os das AM. Hoje se equiparam nas palavras rudes, obscenas, agressivas, em um português chulo. Só resolvia convidando a temida Solange Hernandes, chefe da Censura do DPF, no governo militar de Figueiredo. Credo!
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