sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Crise? Que crise?


Um tal Wilson Cano, que nem sei de quem se trata, disse que “estamos numa crise que já conta 35 anos de idade”. Presos no auge da glória de sermos pobres de marré marré, temos a honra e o poder de afirmar que não conhecemos crise, porque nossas vicissitudes vêm do berço desvalido. Perder tudo de um dia para o outro, cair no fosso da escassez tendo experimentado a riqueza, isso sim é desgraceira digna de um salto para o aniquilamento. Pobre vive faceiro e exultante no seu mundinho humilde, onde cada pequeno triunfo se enche de brilho.

No decorrer do ano da graça (ou da desgraça, para muitos) de 2016, esse que aqui vos fala, retirado do mundo do consumo por força de sua aposentadoria ínfima, planeja altos esquemas e mira grandes vitórias no seu universo austero, porém honrado. Começando por me dar um presente de fim de ano. Com a bufunfa que irei receber do Sesc por ter ministrado oficinas de cordel, pretendo comprar uma bicicleta de segunda mão, 18 marchas e de alumínio. Quando chegar o ano de 2016, vou ver se arrumo arame emprestado do Governo para montar uma gráfica, um estúdio de rádio e um auditório. É pouco? Já tenho quase garantida a publicação de um livro de poesias, outro de fofocas e cinco edições de jornal literário. Nessa economia vacilante, ainda quero montar uma peça de teatro para comemorar os quarenta anos do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana e bancar várias exposições do pintor Otto Cavalcanti.

Não é por acaso que me chamam “o vitorioso”. Pobre, porém dinâmico e arrojado. Fale quem quiser do meu jeito um tanto assim pretensioso. Os rancorosos, os bandalhos que ladram atrás de nossa caravana, que voltem a bater o ponto no seu mister de subservientes e incapazes. Eu seguirei em frente, com um ou dois companheiros devotados e firmes em nossa missão de vida.

Pode faltar numerário, mas aqui nesta Toca não falta aspiração e inspiração. E de que é feito esse mundo, senão de sonhos? 

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