sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Velho malandro de corpo fechado para o mé


O velho Leão ta na idade de usar o peniscópio

Birthday do velho Leão é hoje, 25 de outubro. Eu acho chique escrever aniversário em inglês, mesmo que você ache pedante. Como hoje é meu aniversário e não o seu, mando você catar coquinho. Mas, por favor, não escreva no seu Facebook que hoje é dia do meu “niver”, que eu fico puto com esse negócio de “niver”, coisa de dandoquinha socialite, da alta mídia social.

E outra: não me dê presentes. Não gosto. Nem vai rolar cachaça, uísque, vodka, nada de álcool, que estou na fase de abstinência. Cigarros, idem. Quer dizer, como será minha festa? Essa minha balada poderá até ser segura e saudável, mas divertida, sem chance! Tou buscando uma solução criativa para minha festa de aniversário.

Pretendo assim tão somente mudar a cultura que associa álcool com diversão. Pensando numa coisa que me dê prazer, sem ser preciso incluir a embriaguez. Na qualidade de antigo bebinho de boteco pé-sujo, não consigo imaginar uma celebração sem álcool. Mesmo porque não terei a presença de convidados. Ninguém vai para uma festa onde não há nada para ficar alterado, pra “matar a sede”.

Diante disso, vou passar meu Birthday sozinho. Vida social externa acabou para mim. Nem na data especial do meu aniversário. Eu sou esperto, fiquei velho, passei da idade de entrar em coma alcoólico ou beber todas para acelerar a vida. Soube que os jovens de hoje estão inventando umas bossas de pingar vodca no olho para aumentar a sensação de embriaguez. Usar bebida como colírio, tem coisa mais idiota?

O malandro aqui também já foi babaca, já precisou de um pouco de confiança engarrafada pra namorar, pra ficar mais atraente, pra se sentir melhor no meio social. Sem álcool e com a chegada da meia idade, continuo bonito, inteligente, original e bem humorado. É que aprendi a enganar a própria mente. E sem o perigo de dizer o que penso sobre certas coisas e pessoas. Aprendi que uma língua bêbada é uma língua sincera. Sejamos sóbrios e hipócritas.

Mas, voltando ao assunto do aniversário, estou entrando numa fase de me preocupar com o julgamento póstumo. Nada a ver com o Dia do Juízo, mas com a certeza de que não viverei para sempre e já preciso ir me arrumando para descansar. Deveria ser proibido comemorar aniversário depois dos cinquenta. Cada ano marca um passo para a cova. Aquela camisa  recebida de presente poderá ser a roupa do enterro. Nessa ocasião solene, eu também não vou aceitar presentes. Também não quero nada de lembranças no meu enterro.

“Que me perdoem os fiéis e crentes,
religiosos de corações ardentes,
mas depois da morte eu não quero nada,
depois da morte eu só quero o nada.”

(Francisco Gil Messias)




Um comentário:

  1. Sem festa, sem álcool, sem convidados... mesmo assim é possível ser feliz. O presente é está aí vivo e contando história. Se o velho leão já não ruge como antigamente, têm nada não. A caneta está cada dia mais afiada, voraz e sarcástica. Um abraço e vá cuidando da saúde.
    Lucio Andrade - Natal-RN

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