Dísticos distópicos
(Poema
escrito na cama do hospital)
Utopia
negativa, teu real exorto
Tou
ligado tristemente no teu ponto morto
Vil
megera alucinada, trágico clichê
Eu
me ligo apelativo no teu ponto G
Rupturas
e feridas no meu tosco ego
Tudo
isso eu escondo no teu ponto cego
Sou
assim remanescente, salvo por um triz
Da
incógnita certeza do teu ponto X
Com
napalm pintei os versos dessa obsessão
Solilíquida
mixórdia em ponto de fusão
Separando
e misturando nosso trigo e joio
Desnivelo
atormentado o ponto de apoio
Dessa
atípica ruína que extingue a vida
Faço
com fenecimento o ponto de partida
E
na undécima hora, acho que blefais
Despistando
na cruz os pontos cardeais
Deslizas
pela sala em vil contemplação
Com
pontos hediondos de interrogação
Imagem
ionizante ostenta o tumoral
Na
aflita antessala do ponto final
F. Mozart
(Ilustração: Agonia, desenho de Bruno Lopes)
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