quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Chester gigante desafia multinacionais avícolas

 


 Meu compadre Ameba mandou essa fábula natalina: “Tou criando um chester aqui em casa. A mais poderosa produtora de alimentos frigoríficos quer comprar meu chester. Recuso-me a vender. Eles dizem que meu chester é pirata, que o deles é legítimo. Denunciaram meu frango bem dotado no Programa Nacional de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura. Garantem que violei 25 instruções normativas e 18 decretos regulamentadores da criação de frangos. Corro risco de ser preso por crimes contra a propriedade imaterial, contra o patrimônio e a patente e contra a fé pública. Violação de direitos autorais, porque a empresa assevera que foram eles os inventores do chester. Passaram trinta anos pesquisando e fazendo experimentações pra criar um frango com muita carne no peito e nas coxas, e sem gordura. De um desses experimentos saiu a Mulher Mamão, uma mutação genética.

Meu chester entrou na clandestinidade. Vive disfarçado de peru. Mas ta tomando todas as vacinas. Ele diz que só os imbecis não têm pressa pra se vacinar. É apenas um frango anabolizado, bombado, com histórico de atleta, mas tem sentimentos. Um galináceo consciente. Ele está triste neste Natal de 2021 porque na mesa do pobre não teremos peru, nem chester. Carne de boi subiu 40% e arroz subiu 60%. Não vai rolar arroz com passas nem pavê. Pelo menos ficamos livres da piada sem graça do tio do pavê. Teremos pombo recheado com farofa e pernil de rã, a famosa jia. Sardinha em lata e champanha cereser, cachaça xiboquinha, licor de menta, vinho de jurupinga, vodka Natascha, Velho Barreiro e cerveja Glacial. E vinho de Catuaba pra aumentar a libido e estimular o sistema nervoso central.

Meu chester estará ausente desta mesa de Natal, porque ele segue todos os protocolos de segurança. (Nesse momento, a música natalina toca com andamento alterado, em ritmo lento)”.

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