O compadre velho Dalmo
Oliveira foi consagrado como Embaixador da Palavra, título que recebeu de uma
organização literária da Espanha. Nós, da confraria dos embaixadores da pinga,
da Associação dos Sonhadores, Sindicato dos Biriteiros Alternativos, Academia
dos Poetas Putos e Lisos, assembleia dos alcoolicos devidamente identificados
na caderneta do fiado do bar de Carrá sentiremos a falta deste ilustre
companheiro que vai dar um tempo na beira da lagoa do Mundaú, em Maceió.
Dalmo Oliveira de Xangô é
um cabra meio assim apoetizado. Explico: faz da vida um eterno começo de festa,
um libertário que evolui para saltimbanco fazendo piruetas para a plateia no
fio da meada de uma vida frágil. Quando tinha oito anos, o médico atestou que
teria poucos anos de vida. Por ser uma pessoa dessas que avivam a brasa da
existência, mesmo que o carvão se extinga, foi enganando a morte com a emoção
dos primeiros passos e a exuberância dos ligeiramente ébrios da vitalidade
eletrizante esboçada em cada sorriso no palco utópico de la vida.
Por ter represado tantos
sonhos vida a fora, Dalmo acumulou um belo açude de ideais quiméricos pra ir
soltando devagar nas terras alagoanas. Arrisca virar patrimônio imaterial da
terra dos marechais, para desgosto de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Certeza
pautar solares assembleias e saraus às margens das lagoas do Mundaú, da
Manguaba, do Gunga e outros brejos menos votados, acabando por expor seu
orgulho de afrodescendente nas calientes
águas da praia do Francês.
Vai na fé, irmão das
almas, que tens o dom e a capacidade de abraçar o mundo e ainda sobra espaço para
entrelaçar-se com a hombridade e escancarar portas e janelas da autoestima. Em
novembro estaremos no Maceió para visitação cultural, com uma caravana de
poetas cordelistas da Paraíba. Faremos um sarau com as personagens do mundo
artístico popular alagoano. Portanto, você tem três meses para se enturmar com
tudo que é de poeta de feira, filósofo de mesa de bar, cantor de pé de parede,
locutor de rádio pirata, parceiros do cordel, sons nordestinos do tipo Banda
Oxe, uns malucos que acabo de ouvir, uma percussão arrebatadora batendo na lata
do pop, reggae e rock bebendo feito doidos na fonte das tradições populares.
Pelo que vi, Alagoas tem coisinhas quentes pra agasalhar um espírito libertário
de um Dalmo de Xangô. Esse encontro será mediado por Joacir Avelino, paraibano
de Itabaiana que está há séculos radicado em Maceió.
Axé pra Dalmo de Xangô e
até a próxima edição para recomeçarmos as solenidades multimisturadas da rádio
Zumbi. Dalmo vai conhecer gentes e traduzir lugares. Mas, principalmente, vai
furar as fronteiras geograficamente não identificadas do humanismo e da
cultura.
Vai, vai com fé, que a fé não costuma faiá.
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