Nesta quinta-feira, 26 de setembro, a Academia de Cordel do Vale do
Paraíba lança a coletânea “Cordéis acadêmicos”, com folhetos de vinte poetas da
entidade. Tem folhetos históricos, pilhéricos, espirituosos, histórias do
romanceiro popular, homenagens e narrativas inspiradas no imaginário
nordestino.
Marconi Araújo assevera que se trata de um diamante a se reinventar
através desta literatura que está no rol do patrimônio cultural imemorial
brasileiro. Os cordéis desta coletânea transitam desde a lenda de Branca Dias,
passando pela alegoria de uma visita ao céu, depois desce à terra para se
envolver numa briga entre Ariano Suassuna e o MC Merda Seca, enveredando no
Reino da Geometria e na paixão de um menino pela moça sexy do calendário,
emburacando feira a dentro à cata de reminiscências dos mercados e feiras
livres do interior, relatando a grandeza de poetas como Aderaldo Luciano e
noticiando casos exóticos em manchetes anedóticas: “O professor que ensinou a
um jumento e outro mestre que matriculou um macaco prego”.
O fato é que os cordelistas continuam na estrada, hoje sem sua banca na
feira, mas sempre em prol de causas humanistas, contrapondo-se a essa forte
corrente obscurantista atualmente dominante no Brasil. Grato aos nobres poetas
que acreditaram no projeto. Vamos solidificando essa Academia com a produção
dos trovadores populares.
Termino citando o cineasta paraibano Bertrand Lira: “Produzir arte, de
um modo geral, é um ato de resistência nos dias de hoje, frente aos ataques
raivosos e conservadores desse governo, na contramão dos países civilizados que
já descobriram, há séculos, que não se constrói uma grande nação sem educação,
ciência e cultura”.
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