Um livro
não precisa de orelhas porque não pretende usar óculos, conforma chacota de um
tal Maciel Caju, crítico de fancaria. Este livro carece de orelhas porque ele é
um produto mental de um sujeito que construiu sua reputação dentro dos
preceitos do conservadorismo. Tudo certinho conforme as normas, respeitando a
tradição e os bons costumes em suas várias dimensões. É um livro de poemas
regionais com toda sua carga humana e reflexiva, um lirismo presente em
sua linguagem e em seu conteúdo com forte carga de humor, o que é mais
interessante.
A pesquisadora Mariella Masagão
diz que, desde que os poetas aboliram o verso, a rima e a métrica, a poesia
brasileira vem ficando sisuda e hermética. Não sei se concordo. Entretanto,
onde é que você vai encontrar o humor mais puro senão nas cantorias dos
repentistas e nos folhetos de feira? Cordel é uma narrativa poética popular escrita
com métrica e com rimas soantes. É nessa fonte saborosa onde bebe meu compadre
Thiago Alves, por isso sua poesia não é carrancuda.
Thiago Alves é um poeta cuja obra
está em progresso. Vai maturar ainda, dentro da sazonalidade própria da arte.
Por enquanto, essa primeira safra mostra que o cultivo foi sereno em nome de
uma poética autentica, humilde e encantadora. Lavrando seus textos com a enxada
do amor telúrico, Thiago Alves fixa seu ponto de vista poético com temas da
intimidade de suas coisas e espaços de vivência. Incluindo aí sua experiência
pessoal com o sagrado.
Conforme o protocolo, aqui vai
meu texto de admiração de quem conhece o artista desde tempos imemoriais quando
juntos cultivávamos os versos brutos do trabalho comum na estrada de ferro. Desde
então, Thiago Alves vem revelando sua sensibilidade e inteligência emocional
para brincar com as palavras e conduzir seu trem no ramal do lirismo.
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