domingo, 8 de março de 2015

Pedalando vou com minha humilde bike


Passeando nas ruas da capital Parahyba do Norte com meu compadre Vavá da Luz e minha bike que serve de muleta, cadeira de rodas e taxi. A bichinha é modesta, mas faz o que pode no transporte deste ex-condutor de veículo automotor, agora ciclista por mode a crise.
Dizem que a felicidade anda de bicicleta, ainda com a vantagem de que ladrão nenhum vai te importunar, com essa cara e jeito de pobre. As vantagens: economia de tempo nesse trânsito pesado; economia de dinheiro com gasolina pelos olhos da cara, flanelinha e demais itens de manutenção de um carro; a endorfina que é liberada no trajeto faz você ficar com melhor humor e saúde; nada de medo de ser assaltado e necas de poluir o ar já bastante sujo. Desvantagens: nádegas doloridas e um tiquinho de dor na coluna para quem já passou dos cinquenta.
Por isso eu rodo com a minha magrela, mesmo sabendo que sou visto como um sujeito desafortunado, quase mendicante. Sim, porque na Parahyba do Norte, quem anda de bicicleta passa duas imagens contrastantes: ou é o riquinho classe merda com sua bike caríssima e sua turminha de ciclistas de fins de semana, ou o trabalhador lascado que não pode pagar passagem de ônibus. Aqui só não, em todo canto esse povo tem nojo de bicicletas. Em São Paulo, nas regiões mais ricas, moradores já sabem: quem anda de bicicleta não presta.
Seu Alexandre, de São Paulo, é quem diz: “se a população fosse mais educada e tivesse mais discernimento, usaria a bicicleta como meio de transporte”. Na mesma frase, seu Alexandre lasca: “quase todo dia sou quase atropelado por automóveis imbecis, mas como sou educado, mando o motorista tomar no centro e ainda por cima risco o carro com o guidão de minha bicicleta”. Eita, ciclista educado da gota!
No meu caso, pratico o ciclismo de rua defensivo. Nada de concorrer com os automóveis nem fazer gracinha no trânsito. Só confesso dois defeitos: ando na contramão e não dispenso calçada.
Mas é verdade que muita gente deixa de rodar de bicicleta por vergonha. Seu Leandro é um desses ciclistas enrustidos. “Eu ia de bike, mas a turma zoa demais. Outro dia, um viado gritou, no sinal: ‘pega essa merda e bota aqui na mala do meu carro’. Fiquei com uma vergonha da porra, todo mundo dando risada”. Se eu pudesse, diria a seu Leandro que não deixe que esses otários privem sua liberdade de escolha e seu transporte saudável. Se você se sente bem pedalando, que continue. Quem tem que mudar os seus conceitos é essa turma de alienados motorizados.
Portanto, meu bom, vamos de bike e não esqueça de se alongar um pouco e comer algumas bananas. Elas recuperam sua energia, evitam câimbras e matam a fome. Coisa de pobre? Que nada! Solução de vida para gente inteligente como Marcelo, que ganha tempo e condicionamento físico na sua bike personalizada com farol, pisca alerta e equipamento para ser rastreada via satélite. 

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