domingo, 28 de maio de 2017

POEMA DO DOMINGO


MINHA FINALIDADE 
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Em versos meus jamais rebente e cresça 
Bálsamo algum que a flutuar conduz!
Antes o anticatártico, a antiluz
Que o leitor, sob horror, jamais esqueça.
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Nódoas inflamem lindos lábios nus,
Rachem-se, vis, cabeça por cabeça,
A garganta de um príncipe apodreça,
Dos mamilos das fadas jorre pus.
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Só degenerações acolho e afago,
Como o fedor total d’alma de Iago,
Apodrecendo meio grão por dia...
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Se os homens matam e roubam, ferem e mentem,
Que mil cães espartanos me atormentem
E jamais deixem em paz minha poesia.

Arturo Gouveia


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