Pessoas em bicicletas sofrem um
forte preconceito no Brasil. Faz lembrar a segregação racial nos Estados
Unidos. Igual aos negros americanos, as pessoas que andam de bicicleta são
tratadas com implicância e hostilidade.
Devido ao problema de artrose
no joelho, uso minha bicicleta como muleta e cadeira de rodas. Da minha casa
para o Fórum Cível Mário Moacyr Porto são apenas uns 200 metros, mas eu preciso
ir pedalando porque não suporto a dor do joelho segurando o peso do corpo
cansaço de 60 anos. Percorro o itinerário toda semana para renovar o acervo do
projeto Biblioteca Viva. Ontem, como faço sempre, amarrei a bicicleta no
corrimão da entrada do fórum, sem prejudicar em nada o acesso das pessoas.
Quando subia a rampa, o vigilante pediu para retirar a bicicleta do local. Foi
avisado pelo sistema de segurança, por sua vez alertado pelas câmeras. Era como
se minha bicicleta fosse uma ameaça terrorista.
O Fórum não dispõe de local
para estacionar bicicletas, mesmo tendo um vasto espaço ocioso. Há um número
cada vez maior de pessoas usando bicicletas para seu deslocamento, mas isso não
entra no planejamento dos engenheiros e arquitetos dos prédios e vias públicas.
Eu acho que
tenho o direito de usar minha bicicleta nas ruas e estacionar nos portais dos
prédios públicos. Bicicleta não é só para os parques e para lazer. No meu caso
e de muitos trabalhadores, é meio de transporte. Nesse país tão opressor em
relação às pessoas pobres, usar a bicicleta é um ato de resistência, de certa
forma até um ato político.
Portanto, fora
Temer e fora o preconceito contra os ciclistas.
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