Vereador ganha Troféu Silvério dos Reis em Itabaiana

Noite da vitória.

Conhecido cabo eleitoral de Itabaiana do Norte enviou uma foto do prefeito eleito da cidade, Antonio Carlos de Melo Júnior, ao lado do também eleito vereador Júnior Pacheco, sendo que um é do PMDB e o outro disputou em facção contrária, o PSB. Na mesma noite da apuração dos votos, confirmada a eleição do candidato do PMDB, Júnior Pacheco apressou-se a aderir ao esquema político do filho de Toinho, o que para muitos constitui um desrespeito aos eleitores que escolheram seu nome. 

Esse magoado eleitor que me mandou a foto comenta que Júnior Pacheco deve receber o troféu Silvério dos Reis sob uma bonita salva de vaias por ter sido o político que virou a casaca no menor espaço de tempo na história deste lugar.  Na visão deste despeitado eleitor, Silvério não morreu: a cada eleição aparecem os traíras vendendo a alma para garantir um carguinho no segundo ou terceiro escalão, sendo assim alvo de palavras de baixo calão dos seus arrependidos eleitores. 

Para quem não sabe, Silvério dos Reis foi o cabra que entregou Tiradentes e seus amigos aos portugueses na famosa Inconfidência Mineira. Pelo seu ato traíra, Dos Reis ganhou 30 moedas de ouro, um carro do ano, uma pensão vitalícia e o cargo de tesoureiro da Igreja de São Judas Iscariotes. 

O fato vem dar razão ao meu compadre professor Ivaldo Gomes na sua cruzada pelo voto nulo. Para ele, cada voto que se dá a um político vem depois a frustração, porque o eleitor escolhe mas não controla os atos do vencedor. Depois de eleito, o político faz o que bem entende conforme seus interesses imediatos, sem se importar se os seus eleitores concordam ou não. 

Eu admito, com exemplar franqueza, que o vereador Pacheco teve suas razões em aderir ao vencedor antes mesmo do galo cantar três vezes. Você sabe lá o que é gastar os tubos numa campanha, ficar endividado, privado da estima dos amigos que votaram contra? O gesto do vereador é apenas uma resposta aos esquemas absolutamente corrompidos do processo eleitoral. Razão tem meu compadre Ivaldo: enquanto não tivermos uma reforma eleitoral que dê dignidade e verdadeira democracia ao processo, melhor ficar de fora para não legitimar esse tipo de comportamento.  

                  *A traíra ou lobó é um peixe carnívoro de água doce da família Erythrinidae. Costuma se proliferar em períodos eleitorais.