terça-feira, 16 de outubro de 2012

Neologizando, ou museu da palavra



Tem/não tem palavrinhas doidinhas para serem inventadas. Tutaméia é uma delas. O que pode ser? Fica sendo nossa mãe de leite. Tubiba acho que já existe, mas ninguém bebe/come/passa na pele essa palavrinha. Vive mofando sem nada dizer/sugerir no dicionário. 

Dar sentido novo a palavra velha é ofício de poeta. Dos verdadeiros. Mas me diga, o que diabo é tubiba? Nos meus antigamentes na terra de Zé da Luz, tubiba era aquela geladinha que a gente tomava com pão doce na feira. Tem um besourinho que faz mel, também conhecido por tubiba. Mas tutaméia é um livro de contos do Guimarães Rosa, cabra sem igual na construção/desconstrução das palavras. Não fui o inventor de tutaméia, infelizmente. 

Minha vó costumava me chamar de mandrião. Desconfiava que era coisa ruim, só depois soube que significa preguiçoso. Astrodia, como diria minha vó, comecei a colecionar palavras novas. Perdi meu arcabouço de dicionário, mas ficou a palavra idiotia. Sempre tive vontade de usar essa palavra. É uma doença, a idiotia. O sujeito acometido de idiotia tende a ser um sem noção, feito Sonsinho.

Rola ainda no nosso subconsciente o idioma dos antigos, com palavras assim: estomegado, esdionfo, graçóide, esbrontolar, gastura, querrenca, malinar, escumadeira, andar de fasto, trupicão, malamanhado, fugutiar, quilangue, às garateias, milacria, gango, rém-rém (briga de boca), zanoi, munganga, breado, desinxavida, arripunar, catrevage, renoso, escabriado, esborrotar, instalicido, aigorar, acoleado, istibungar, negrejando, cá mulinga, cheio de goga, difruço, arripunar, lebreia, quimba, brebote, bregueço, tambueira,  catombo, quarar . Falas da incultura, dizem os linguistas. É o português do matuto.

Tem gente que ama certas palavras. Amigo meu não escreve duas frases sem arrumar “inefável” no meio. Inefável é algo que não pode se exprimir por palavras.

Astrodia, ontonte, nesse cibermundo, outra palavra novinha, um sujeito me mandou carta que sugere ser o mesmo acometido de idiotia. Pra mim ele só escreve brebote, sua carta é um breado só, querendo fazer rém-rém, ca mulinga pra defender lebreia cheio de goga, mas o chá dele tá quarando. Esses bregueços são tambueiras de safra ruim fugutiando às garateias sem saber como se chama, engraçados como um querrenca dando trupicão. 

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