Abrindo
os trabalhos, inicialmente devo informar que não foi mantida a instituição da
farra tradicional da virada aqui no meu território, por razões de saúde
corporal e financeira.
A massa
anônima comemorou as “entradas” como foi possível, deixando um rastro de alguns
homicídios, várias agressões e discussões ligeiras.
Compareci
a uma reunião comemorativa. Por estar sóbrio, foi possível ao cronista estudar
os participantes do ajuntamento de gente alegre e hipócrita. Lá estava o
cavalheiro dono da casa, elegante e enganador na sua falsa liberalidade. Ao seu
lado, o “liberal” propriamente dito, com seu traje colorido lembrando padrões
africanos, metendo a lenha nos autocráticos e totalitários. Não é sincero, mas
sabe falar na linguagem do povo, lembrando o velho Luiz Inácio Mensalão da
Silva.
Do meu
lado, enchia o saco o presunçoso. Sujeito falador, metido a sabido. Do outro
lado o falador, esse sim, superando o presunçoso. Sua verborragia atiçada pelo
álcool levava o cabra a repetir o pensamento dos outros com arroubos de
oratória. Um chato de linguagem complicada. Tentou levantar várias teses, entre
elas a de que o romper do ano é um evento nitidamente de tendência homossexual.
Eu sou o
tímido, aquele cabra que fica querendo ser invisível, principalmente porque
estava sóbrio. Fui apontado como um exemplo para os excessivamente
extrovertidos, o que amentou mais o meu acanhamento. Quase pedia desculpas por
não participar mais ativamente do bulício.
Uma
mulher com cara de Madame Preciosa mais desorganizada fazia o papel da
pessimista. A profetiza do desespero fez uma explanação do ano de 2012,
terminando por garantir que o mundo só não acabou no Apocalipse Maia porque vem
aí o Apocalipse de São João, esse sim, muito mais arrazador e sem hora pra
começar.
O
otimista é um senhor de meia idade com camisa do Corinthians e boné de Zezinho
do Botafogo. Sorriso largo na cara bexigosa, gargalhador, sempre querendo
agradar. Todos se sentiam realizados e felizes com sua presença, menos eu. O
cara é de uma falsidade sem noção. Uma hora apoiava um, outra hora estava
apoiando a tese contrária. Contou muitas piadas velhas e sem nenhuma graça, a
não ser pra ele que morria de rir. Um chato alegre.
O teimoso
com fama de agressivo tomou duas bicadas e ameaçava se retirar a todo instante.
Galhofava das ideias alheias e tentava expor suas extravagâncias de jerico. No
fim, todos chegaram ao consenso: botaram o teimoso pra fora.
Depois de
meia-noite, chegou o eterno candidato a vereador e atual puxa-saco de político
fuleira. A todo instante procurava demonstrar que tinha intimidade com o poder,
era amigo do prefeito. Anotou alguns pedidos de emprego, comeu, bebeu e foi
embora no fim, arrotando importância.
Esse 2013
não começou bem...
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