Este velhinho (o
da esquerda) é meu pai intelectual, seu João Dias, nosso “João da Juventude”.
Eu explico: João Dias era dono da única banca de revista de Itabaiana nos anos
60/70, a “Juventude”. Antes de continuar, dou a palavra ao compadre Tião
Lucena:
“Quem, das
antigas, não se lembra de Durango Kid e Zorro, aquele amigo do Tonto? Os dois
mascarados fizeram a alegria da meninada dos outrora. Eram heróis limpos, que
jamais perdiam uma batalha e sempre deixavam uma mensagem de alegria e bons
exemplos aos que se tornavam seus fãs.”
E segue pelo mundo
do faroeste antigo, o universo gostoso, salutar, glorioso e construtivo das
revistas em quadrinho, os “gibis”. Era na banca do João Dias que a gente se
abastecia dos exemplares de Zorro, Recruta Zero, Tarzan, Tio Patinhas, Mickey,
Capitão América, Batman, Gasparzinho, X-man, Mandrake, Fantasma, Asterix,
Luluzinha e tantas outras. Aprendi a ler nos gibis. A gente lia, copiava os
desenhos, colecionava, trocava por outras revistas. Participar da feira de
trocas na frente do cine Ideal era quase tão gostoso quanto ler os gibis.
Graças à generosidade
do João Dias, a gente comprava gibis fiado. “A Juventude” era o templo do
prazer intelectual de minha geração.
João Dias é um
gentleman, uma pessoa cordata, amiga, sempre com um sorriso amável. Esse
cavalheiro foi o melhor dançarino nos bailes soçaites do Itabaiana Clube. Amava
o futebol. Representa uma Itabaiana elegante, com o charme de uma província que
se orgulhava de suas riquezas imateriais, seus artistas, seu estilo de vida
sadio.
Nem sei se nosso João ainda habita este mundo. A última vez que o vi, sofria com o mal de Alzheimer. Sua mente tem apagões, momentos de
lembranças, a maioria do tempo mal sabe quem é. De certa forma, é bom mesmo que
não tenha que ver em perspectiva o valhacouto em que se transformou sua querida
Itabaiana.
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