O exame de Zé Cachorrão

Praticar a sodomia na minha terra é “queimar a rodinha”, facilitar o arengueiro. Teje dito que todo mundo sabia que Zé Cachorrão queimava a rodinha, mas o rapaz não admitia. Sair do armário não era com ele. Mesmo por via de exagerada dose de ignorância entubada naquele moço que chegou aos quarenta anos sem barriga, só tomava caipirinha com adoçante, estimava seu gato de estimação, entre outros sintomas. Só era macho na ignorância.

Precisou ir ao médico.

--- O que você tem?

--- Tenho uma televisão, uma geladeira, um Fiat Uno 1996, um gato siamês, uma poupançazinha...

--- Quero saber o que você sente!

--- Doutor, eu sinto calor, sinto frio, sinto raiva...

--- Eu quero que você me diga qual é a sua doença.

--- Doutor, se eu soubesse qual é a minha doença eu já tinha tomado remédio e me curado. Não precisava vir aqui!

O médico foi mais direto:

--- Onde está doendo agora?

--- Eu tou com o furico doendo, porque caí do cavalo em cima de um toco.

O médico examinou e disse:

--- Tem certeza de que foi toco?

--- Claro, vossa mercê me respeite!

--- O problema é que eu tenho dois remédios. Um para curar ferida causada por toco e outro não. Se eu der o remédio errado você morre. E então?

--- Então, doutor, dê o remédio para a outra coisa. Mas que foi toco, garanto que foi!

Maciel Caju