Mês de junho, eita mês danado de bom! Eu como
nordestino, sempre que acaba me deixa saudade e, em particular esse de
2013 eu o considero histórico porque acendeu no povo brasileiro a fogueira que
a mais de 30 anos estava soterrada pelas cinzas da corrupção política, mas
dessa fogueira eu falarei depois, agora quero falar de Santo Antônio, São João
e São Pedro, santos brasileiros que viveram antes do Brasil nascer.
As atuais festas juninas que homenageiam estes três
santos, apesar de toda sofisticação da modernidade das novas tecnologias dos
sons instrumentais, das letras de musicas com romantismo de putaria e,
dos vestuários usados que dizem ser matutos, mas que na realidade são
verdadeiros espantalhos, as festas juninas ainda são as melhores do ano.
Aqui em Recife, os festejos são animados,
mas foge muito das tradições. As quadrilhas são estilizadas, as fantasias
não têm autenticidade matuta, parece mais um grupo de espantalhos bem
vestidos dançando. O efeito visual realmente fica bonito, mas, de junino
não tem nada, fica até ridículo a encenação que fazem nas quadrilhas de um casamento
matuto vestido daquela forma, mas tem quem gosta e elogia.
Por essa razão, todo ano procuro um interior para ver
os festejos, mas quando falo em interior excluo cidades como Campina Grande e
Caruaru e outras, porque seguem o mesmo estilo de Recife. O interior que me
refiro é aquele que vejo a fogueira em frente das residências sendo
queimada, lanternas acesas e penduradas nas janelas, a criançada soltando
fogos, e a família ao redor da fogueira conversando e saboreando as
gostosas comidas de milho, cenas escassas, mas ainda existem.
Como eram bonitas as festas juninas na minha cidade
natal, querida Itabaiana que fica lá na Paraíba. Nasci e me criei numa
rua que era chamada de “Boca da Mata”, onde várias famílias formavam uma só
família, no período junino todos enfeitavam suas casas com lanternas e lampiões
coloridos, toda rua era coberta de bandeirinhas coloridas, muitas tinham até o
retrato de São João.
No dia 12 de junho era a festa de Santo Antônio,
algumas fogueiras eram montadas e queimadas, as comidas de milho já faziam
parte do cardápio e os clubes sociais homenageavam Santo Antônio
com baile dedicado aos namorados, já que Santo Antônio é considerado o
santo casamenteiro. Para as moças donzelas, marco da época, esse dia era de
fundamental importância, faziam varias simpatias para descobrir se iriam
casar e até mesmo tentavam prematuramente saber o nome do pretendente. A fé e a
esperança nessas simpatias eram fortes, acreditavam no resultado, quando alguma
coisa saía errada, muitas ficavam tristes e frustradas.
No dia 23 de junho, véspera do dia dedicado ao São
João, os festejos eram amplos, toda cidade se enfeitava de bandeirinhas, toda
casa armava e queimava sua fogueira, imperava a pamonha, a canjica, o milho
assado e cozido, os bolos de milho, o mungunzá, pé de moleque e o arroz
doce.
Era bonito de ver as famílias ao redor de uma
fogueira, bebendo, comendo, e dançando ao som de um conjunto Pé de Serra
(Sanfona / Triângulo / Zabumba). O respeito por São João era tão grande, que
muitos pais batizavam seus filhos ao redor da fogueira tomando os amigos como
padrinhos, batismo esse tão respeitado quanto o da Pia Batismal celebrado
pelo Padre numa Igreja. Eu mesmo, tenho muitos padrinhos e madrinhas de
fogueira que sempre os pedi a benção. Era bonito, e emociona lembrar.
A festividade do São Pedro era singela, mas
tornava-se grandiosa porque o Itabaiana Clube , considerado o
mais elegante da cidade, fazia aniversário no dia 29 de junho e,
por essa razão promovia um grande baile de gala para a sociedade local, animado
ao som de famosas orquestras da época. Esse evento movimentava e
agitava o público da cidade, tanto o que iria internamente
participar como o que iria apreciar do lado de fora do clube, publico este
conhecido como a “turma do sereno”.
Para todas essas festanças havia,
obviamente, patrocínio e participação dos gestores do município, mas a
população teve a infelicidade de nos últimos 40 anos não saber escolher seu
Prefeito e as festas juninas perderam o brilho.
Esse ano parece que acendeu uma fogueira no fundo do
túnel e clareou um pouco a esperança de renascer as festas juninas em
Itabaiana. Fui avisado que iria haver festejos. Descrente, não fui até lá,
mas minha esposa resolveu ir e gostou, pois além dos bons festejos, reviu
velhos amigos que lá compareceram, cuja foto exponho acima.
Orlando
Araújo.
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