domingo, 14 de julho de 2013

Quando os bons desistem de combater o bom combate




Participei ativamente da campanha memorável de Marizete Vieira para vereadora em Mari, em uma eleição municipal na década de 90 . Ganhou a eleição sem dinheiro algum, apenas com o apoio dos amigos. Fato inédito na política local. Cumpriu com dignidade o mandato, mas não quis voltar à Câmara. Ficou enojada com o ambiente de banditismo dos políticos tradicionais.

Marizete Vieira é uma professora que no plano ideológico sempre esteve à esquerda da vida. Católica hiper praticante, sempre combateu a cultura dominante da exploração, questionando os métodos de uma elite predatória e inconsequente.  Com ela fundei a rádio comunitária e o partido político. A pedagogia denunciadora de Marizete incomodou muita gente. Brigou com a prefeita e o presidente da Câmara, não aceitava a roubalheira e sempre pensou a política como um instrumento de transformação social. Desenganada, abandonou a militância. Não quis concorrer à reeleição.

Conheço uma jovem senhora que também se elegeu por aclamação do povo, é uma educadora e está com imenso tédio do submundo da politicalha.  Teve seu sonho de ajudar a sociedade desfigurado pelas práticas abjetas da classe política. Pensa seriamente em desistir, não tentar a reeleição.  O processo político degradante leva o povo a se perverter moralmente. Não querem uma vereadora atuante e vigilante pelos direitos da cidadania. Pedem empregos públicos precários, mendigam pequenos favores, e são assim acostumados por políticos sem nenhum caráter cujos mandatos não são direcionados em função do bem comum, mas baseados no oportunismo e na corrupção.

Enquanto isso, uma comunidade inteira vê suas crianças e adolescentes abandonados à própria sorte, drogados pelas ruas,  constituindo um problema quase insolúvel. O desemprego e subemprego, a prostituição de jovens, o alcoolismo e o caos urbano tomam conta das cidades de porte médio.  A alienação da sociedade cria uma falsa percepção da realidade social e econômica. Sem uma classe política decente,  os políticos sobrevivem da miséria da grande massa popular. Nesse cenário, as pessoas comprometidas com padrões morais e éticos desistem de atuar politicamente. 
 
Uma pena.

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