Nem mais,
nem menos. Basta ser o que se é!
Adeildo Vieira
Costumo dizer que a pessoa é tão
maior quanto maior seja sua humildade. O ser humilde se agiganta ante seu
potencial, que geralmente surpreende os outros. O marketing de gente
assim é feito do tutano do próprio osso, uma vez que bem sabe a medida certa do
seu feito, sem tirar nem por. A tez maquiada e o excessivo uso de cosméticos
para buscar cintilância nos próprios atos fica para quem confunde
humildade com subserviência, como se o ato de ser humilde significasse uma
condição de rebaixamento diante dos seus pares. Há que se entender a nobreza de
saber se mostrar na medida do que se é, ou melhor, ter consciência da
importância de si mesmo e da singularidade desta condição.
A pessoa humilde não decepciona,
pois não vende produto falso e nem usa embalagem de lantejoulas na vã tentativa
de supervalorizar o seu conteúdo. Assim sendo, chega a pé pra trazer o que tem
em mãos. Desconfie das pessoas que chegam a bordo de limusines de prata
trazendo seus feitos em pacotes de neon, pois tanto brilho pode estar tentando
esconder a escuridão de seu peito. Não sabem elas que são vítimas de sua
própria propaganda, uma vez que criam gigantescas expectativas sobre seus atos
e por isso correm o risco de não serem merecedoras da compaixão ou da
indulgência dos seus espectadores, caso não consigam corresponder à imagem
vendida.
Aos humildes, entretanto, cabe um
cuidado. O de saber do limite de sua modéstia, pois as energias essenciais que
geram o movimento avante só fazem eco nos corações alheios se partirem de quem
defenda seus próprios atos, assim como quem tem amor próprio e anuncia aos
outros o ambiente sentimental propício para ser alvo de amores. Convém, ainda,
ser atento ante aqueles que se alimentam da modéstia alheia para dar golpes baixos
de neon no intuito de ofuscar quem não defenda suas ideias e seus atos com
altivez e assim ocupar-lhes o lugar de direito. Já a grandeza dos humildes está
no fato de saber de si sem negar ou desqualificar os outros. O sucesso alheio
não dói.
No pretexto de falar das pessoas
de alma grande, vale comentar sobre os arrogantes. Esses traçaram para si um
modelo de convivência humana calcado num ranking de uma importância subjetiva
delegada às pessoas. Nessa escala de
importância, se veem no direito de humilhar os considerados inferiores na mesma
medida em que se deixam humilhar por quem considere superior. Sendo assim, todo
arrogante é subserviente, só mudam os personagens que ativam esta ou aquela condição.
Falta-lhes o caráter e a altivez para lutarem contra as injustiças, pois se
alimentam delas ao mesmo tempo em que se imolam para sua engorda.
Ando ao lado dos humildes para
fortalecer meu aprendizado de viver. Mas nesta caminhada já aprendi a medida
certa de meu comportamento para neutralizar as ardilosas atitudes dos
aproveitadores diante de meus atos de simplicidade. O importante é reconhecer
que a única autoridade diante da qual me
curvo é a dignidade. Isso é o que me confere a condição de cidadão, maior posto
que reconheço.
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