Essa é a juventude que
faz a diferença
Esse professor da foto é meu compadre Marcelo Ricardo, da Rádio
Comunitária Diversidade FM do Jardim Veneza, bairro pobre aqui da periferia de
João Pessoa. Essa rádio é uma autêntica comunitária que não tem vínculo com
nenhum político, só com a comunidade. Por isso foi fechada pela Polícia Federal
a mando da Anatel, com chancela da Justiça Federal que ainda aplicou multa na
diretoria.
Eu disse, digo e confirmo: as instituições da República estão a serviço
das oligarquias, do poder econômico e político. O povo, seus direitos, suas
necessidades, seus anseios, isso fica em segundo ou terceiro plano. Porque me
diga: que mal faz uma rádio de baixa potência operando em um bairro pobre,
educando as pessoas, fazendo serviço social, combatendo as drogas e a
violência? Nunca é demais lembrar que a maioria das concessões de rádio e TV
comerciais estão irregulares, sem que a Anatel e o Ministério das Comunicações
movam um dedo para atingir esses empresários.
Mas isso é outra história. Depois
da pressão violentíssima do sistema, a Rádio Comunitária Diversidade saiu do
ar, passando a operar somente com caixas de som instaladas nos postes da
comunidade. Pensa que a moçada desistiu, entregou os pontos? Nada disso. Nesse
ambiente desfavorável, os rapazes e moças da Rádio Diversidade resolveram tocar
o projeto, agora levando as técnicas e a filosofia da radiodifusão comunitária
para as novíssimas gerações. Marcelo Ricardo é professor de algumas turmas de
escolas públicas, onde ensina o manejo de equipamentos de comunicação.
Aproveita e passa para a garotada, de forma leve e descontraída, conceitos
sobre comunicação, porque se vê o que se vê na TV, porque o rádio fala mal das
comunidades periféricas, o que é baixa qualidade técnica e sensacionalismo.
Na
prática, Marcelo Ricardo, Ricardson Dias e os outros caras da Rádio Comunitária
Diversidade FM exercem o confronto de classes que envolve aspectos objetivos e
subjetivos. A guerra é nos meios de comunicação. Ninguém espere que vai ter
moleza, que a luta é fácil. A peleja passa pela formação da consciência dessas
novas gerações. Isso é tarefa para abnegados guerrilheiros como o professor
Marcelo Ricardo.
Fábio Mozart
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