Caro autor Fábio Mozart,
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O racismo na
doutrina espírita
Allan Kardec, decodificador do Espiritismo, tinha
ideias racistas. A Bíblia está também cheia de passagens racistas. As
religiões, ao se considerarem superiores umas às outras, alimentam esse tipo de
pensamento condenável sob todos os aspectos. Enfocando particularmente Allan
Kardec, vejamos o que ele diz em seu livro “A Gênese: "O progresso não
foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes
naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos,
recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra
desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do
progresso(sic!). Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de
criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e
ainda menos aos europeus civilizados." (Allan Kardec, A Gênese, página
187.) Mas ele também considerava os negros e chineses, como os orientais de
modo geral, raças inferiores. E os índios então, estavam na escala bem
inferior, na lógica do Allan Kardec. No “Livro dos Espíritos” ele sentencia:
"6 --Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança
hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um
dia, um Laplace ou um Newton?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto
de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126).
Já a
pergunta denota um certo racismo, pois supõe que uma criança hotentote, ainda
que educada nas melhores escolas, não teria possibilidade natural de alcançar o
nível de um cientista branco. Allan Kardec explicita seu racismo grosseiro na
resposta que dá a essa pergunta, por ele mesmo feita: "Em relação à sexta
questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então,
perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o
fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se
não é um homem, por que procurar fazê-lo cristão?" (Allan Kardec, O Livro
dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data,
capítulo V, p. 127).
Na ótica dele, superior é o homem branco,
caucasiano. Ele chega ao absurdo de duvidar que um selvagem pudesse ser um ser
humano. Hitler aprovaria a doutrina racista de Allan Kardec. E olhem que a
doutrina espírita de Kardec foi pretensamente revelada por "espíritos
superiores". O racismo não consiste em achar ou não que um negro tenha
alma ou possa se salvar, mas em considerar que as raças sejam essencialmente
umas melhores do que as outras. Isto é, que uma pessoa, por ser negra, é
necessariamente menos capaz ou de menos valor do que uma pessoa de raça branca.
Esse pensamento monstruoso, falso e contrário à justiça e à caridade é um dos
germes da Eugenia e do Nazismo.
F. Mozart
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