Cavalo pasta tranquilamente na principal praça de Itabaiana, onde um
Memorial de Sivuca iria ser instalado.
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Já
se tornou um clichê afirmar que o brasileiro tem memória curta. Não é diferente
com o itabaianense, afinal de contas ele também adora carnaval e futebol. Por
isso é capaz de falar com desenvoltura dos principais blocos, escolas de samba
e folguedos do passado, como também escalar na ponta da língua os atletas que
faziam parte do elenco das equipes do Vila Nova ou União, desde o nascedouro
como agremiações futebolísticas.
Em
relação aos outros campos das ciências humanas, especialmente a cultura, o
itabaianense também se iguala à média dos brasileiros. Com facilidade não
valorizam e o pior, esquecem seus ícones. Refiro-me aqui neste espaço,
gentilmente cedido pelo compadre Fábio Mozart, a respeito das figuras de Zé da
Luz e Sivuca, dois expoentes de destaque da Rainha do Vale do Paraíba,
respectivamente, na poesia e na música.
Há
alguns anos atrás quando Sivuca apareceu em um programa da rede Globo de Televisão
como um dos músicos brasileiros mais conhecidos nos Estados Unidos, além de o
considerarem como um dos maiores sanfoneiros do mundo, alguém em Itabaiana se
apressou em colocar uma placa na entrada para o município na divisa com o Cajá
com os seguintes dizeres, salvo engano: “Bem-vindo a Itabaiana, terra de
Sivuca”. Era uma singela homenagem, mas que nos enchia de orgulho, porque ainda
hoje é comum as pessoas de outros Estados afirmarem que Sivuca nasceu em
Itabaiana, Estado de Sergipe ou às vezes confundirem com Hermeto Paschoal,
alagoano da cidade de Lagoa da Canoa.
Não
muito distante de Itabaiana, mais precisamente na entrada da cidade de Alagoa
Grande, tem uma justa homenagem ao seu filho ilustre Jackson do Pandeiro. Em
Guarabira não é diferente, quem lá chega fica sabendo que é a terra de Osmar de
Aquino e, por que não falar de Sapé, terra de Augusto dos Anjos, com sua
reconhecida homenagem.
Infelizmente
na nossa terrinha, até a placa que homenageava Sivuca - um dos seus filhos
ilustres, foi retirada, e hoje quem passa por ali ou adentra os limites de
Itabaiana, para os mais desatentos, fica a pensar que está adentrando a uma
terra de ninguém. Sobre Zé da Luz nem se fala, exceto o Fábio Mozart, que criou
uma sociedade cultural para reverenciar o digno menestrel. Lá fora se
reverencia muito mais Zé da Luz e Sivuca do que em Itabaiana, a exemplo do
Rolando Boldrin, que por diversas vezes traz à lume os versos de Zé da Luz e a
música de Sivuca, no programa Senhor Brasil da TV Cultura. Mas santo de casa
não faz milagre, já diz o dito popular.
Quem
sabe os intelectuais e formadores de opinião, diante desse esquecimento de Zé
da Luz e Sivuca - ilustres e desconhecidos filhos, proponham a um dos
vereadores da Câmara Municipal de Itabaiana apresentar um projeto de lei
tornando Biu Penca Preta Patrimônio
Cultural e Imaterial do município, e nas quatro entradas da cidade se instale
uma placa assim: “Você está na terra de Biu Penca Preta, o rei da fuleiragem do
Brasil.”
Joacir Avelino Silva
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