sábado, 30 de março de 2013

Malhação do Judas

Torcedores treinando para malhar a torcida adversária


O meu lado ruinzinho procura um Judas para malhar no dia de hoje, que é a data certa. Quem tiver seus sentimentos baixos, suas ruindades escondidas por trás da capa de bom moço e boa senhora, hoje bota pra fora seu gosto oculto pelo linchamento. 

Meus cumprimentos aos pseudo democratas e briguentos pelos direitos das minorias majoritárias que passaram a semana santa malhando aquele pastor boboca, o que apelidaram de Infeliciano, só porque o rapaz é um retrógrado que quer ver todos os homossexuais queimando na fogueira eterna, espetados pelo fundo por Cão Coxo e Madame Preciosa nas profundas dos sete infernos.

Não vou malhar o pastor deputado, não tem vaga na turba que quer enforcar o dito cujo com as tripas do último crente tradicionalista. Esse negócio de religião e moral é feito caleidoscópio: cada qual vê de um jeito.  O crente moralista cita a Bíblia a três por quatro para provar que o lugar do pederasta é mesmo o suplício eterno na cama da Comadre e do Compadre, por trás da catedral do inferno onde o diabo ferve seu caldeirão para derreter os furiqueiros, fuxiqueiros e baderneiros.

Por outro lado, pelo lado de trás, os advogados dos homossexuais também citam a Bíblia para justificar a conduta dos seus consulentes. Falam pela língua do demônio que até o grande rei Davi era chegado a um amor “que se recusa a dizer seu nome”.  Para esses degenerados, o Rei Davi tinha uma quedinha por Jônatas: “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres.”(II Samuel 1:26).

Agora, você me desculpe senhor pastor Feliciano, mas botar a culpa nas pessoas negras pelos pecados do mundo já é demais da conta. Mesmo assim eu me recuso a malhar esse Judas que é chegado a trinta dinheiros multiplicados por milhões. Neste sábado de aleluia acontece algo maravilhoso: o velho e rabugento Fabinho não tem vontade de malhar ninguém. Cada qual que siga com sua culpa, sua cruz e suas idiossincrasias. Resolvi que não sou a palmatória do mundo. Falta-me treino e artimanha para discutir com fundamentalistas, humanistas, budistas, feministas e bundistas. Essa coisa agressiva de denunciar a trava no olho do semelhante não é coisa boa para o fígado, o coração e as tripas.

Na minha idade, em matéria de malhação eu ando precisando mesmo é de treinar o bíceps, caminhar para diminuir o colesterol e fazer uns abdominais. Quem quiser que malhe seu Judas e esprema seu ódio ortodoxo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário