Torcedores treinando
para malhar a torcida adversária
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O meu lado ruinzinho procura um
Judas para malhar no dia de hoje, que é a data certa. Quem tiver seus
sentimentos baixos, suas ruindades escondidas por trás da capa de bom moço e
boa senhora, hoje bota pra fora seu gosto oculto pelo linchamento.
Meus cumprimentos aos pseudo
democratas e briguentos pelos direitos das minorias majoritárias que passaram a
semana santa malhando aquele pastor boboca, o que apelidaram de Infeliciano, só
porque o rapaz é um retrógrado que quer ver todos os homossexuais queimando na
fogueira eterna, espetados pelo fundo por Cão Coxo e Madame Preciosa nas
profundas dos sete infernos.
Não vou malhar o pastor deputado,
não tem vaga na turba que quer enforcar o dito cujo com as tripas do último
crente tradicionalista. Esse negócio de religião e moral é feito caleidoscópio:
cada qual vê de um jeito. O crente
moralista cita a Bíblia a três por quatro para provar que o lugar do pederasta
é mesmo o suplício eterno na cama da Comadre e do Compadre, por trás da
catedral do inferno onde o diabo ferve seu caldeirão para derreter os furiqueiros,
fuxiqueiros e baderneiros.
Por outro lado, pelo lado de
trás, os advogados dos homossexuais também citam a Bíblia para justificar a
conduta dos seus consulentes. Falam pela língua do demônio que até o grande rei
Davi era chegado a um amor “que se recusa a dizer seu nome”. Para esses degenerados, o Rei Davi tinha
uma quedinha por Jônatas: “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão
amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das
mulheres.”(II Samuel 1:26).
Agora, você me desculpe senhor
pastor Feliciano, mas botar a culpa nas pessoas negras pelos pecados do mundo
já é demais da conta. Mesmo assim eu me recuso a malhar esse Judas que é
chegado a trinta dinheiros multiplicados por milhões. Neste sábado de aleluia
acontece algo maravilhoso: o velho e rabugento Fabinho não tem vontade de
malhar ninguém. Cada qual que siga com sua culpa, sua cruz e suas
idiossincrasias. Resolvi que não sou a palmatória do mundo. Falta-me treino e
artimanha para discutir com fundamentalistas, humanistas, budistas, feministas
e bundistas. Essa coisa agressiva de denunciar a trava no olho do semelhante
não é coisa boa para o fígado, o coração e as tripas.
Na minha idade, em matéria de
malhação eu ando precisando mesmo é de treinar o bíceps, caminhar para diminuir
o colesterol e fazer uns abdominais. Quem quiser que malhe seu Judas e esprema
seu ódio ortodoxo.
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