Jucinaldo
Pereira – Pilatos – Jacinto Moreno, apóstolo João
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O espetáculo é
“Calvário”, dirigido por Roberto Cartaxo, encenado no Ponto Cem Réis, em João
Pessoa. Meu compadre Jacinto Moreno está no elenco, fazendo o papel do apóstolo
João. Não fui ver a peça porque tenho medo de sair à noite. O pessoal já pensa
em realizar uma apresentação ao meio dia só para meu deleite.
Quer saber o que eu
acho dessas peças sacras? Não vou falar nada do espetáculo promovido pela Prefeitura
de João Pessoa porque não vi. Mas, no geral, contar a história do Jesus requer
uma grande produção. Sem isso, e com atores amadores, a coisa beira o ridículo.
As cenas hilárias em peças do tipo abundam nos livros de anedotas.
Quando eu dirigia o
Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana, meu compadre Biu Penca Preta fazia,
e mal, o papel de soldado romano. O Cristo era Rossi, um doidão que só pegou o
papel por absoluta falta de atores. Jesus Cristo (Rossi), quando foi
interpelado por Pilatos, este perguntou se era, de fato, o rei dos judeus,
respondeu: “Meu reino não é deste mundo nem eu me chamo Raimundo.” No entreato, Rossi implorou por
um cigarro. Deram uma piola ao Jesus crucificado, o cigarro queimou a barba
postiça, foi uma correria no camarim. Extinguiram o incêndio com a água da
bacia de Pilatos. O público morria de rir. Essas coisas acontecem.
A apresentação da
Paixão de Cristo comovia o povo de Itabaiana, menos o ateu Nabor Nunes. Vendo
Biu Penca Preta cutucando o pobre do Rossi no papel de Jesus, Nabor perguntou a
Zenito, só de gozação:
--- Quem é aquele
barbudo que ta apanhando tanto?
--- É Jesus indo
para o calvário – respondeu Zenito.
No ano seguinte,
nova encenação. Nabor foi ver a peça e não resistiu:
--- Como é que esse
tal de Jesus aguenta? Desde o ano passado que ta apanhando!
Meu compadre
Jacinto está feliz com seu papel de apóstolo, mas sonha pegar papeis melhores.
“Este ano não consegui ser mais que apóstolo, porém, no ano que vem talvez seja
promovido a diabo”, acredita ele.
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