Tou com vontade de viajar. Se pudesse,
iria pra São Paulo onde o sapo não lava o pé. Não lava porque não tem água.
Adoraria passear num lugar seco, pra ter a desculpa de andar com a bunda suja.
Vou então sonhar com as estradas do
sertão da Paraíba. Por enquanto, não tenho grana pra cair na estrada. Nada de
frustração, apenas mais um incentivo pra planejar meu diário de bordo de um
futuro navegante. Já rodei o Nordeste e Norte do Brasil de carona, conheci
lugares charmosos que não constam nos guias de turismo. É isso que eu queria
encontrar nessa nova largada, depois de 40 anos. Não confundo viagem com luxo,
não preciso de muita grana pra viajar, mas, agora, aos sessenta anos, o
velhinho precisa de um mínimo de planejamento.
Por enquanto, estou
lendo, pesquisando alguns roteiros, pra entender se é pra lá que eu realmente
quero ir. Tenho na cabeça um mapa que me indica a velha cidade de Princesa
Isabel. Não sei, acho que fui capanga de Zé Pereira em outra existência, porque
aquela cidadezinha sempre me atraiu. Preciso de uma companhia que tenha o mesmo
anseio, os mesmos gostos. Porque cada um tem um olhar, eu vejo um cenário que
meu parceiro ou minha parceira talvez não consiga ver, por exemplo. Unificar
interesses é complicado. Por isso, quando andei de mochileiro, jogava sozinho
no time. As viagens têm seu ritmo e cada viajante tem uma personalidade. Unir
essas coisas, acho delicado.
Sei que na minha faixa
etária, quase ninguém topa encarar banho em banheiro público, dormir em quarto
coletivo, em camas duras. Os maduros gostam de segurança e conforto, mesmo
empolgados com a vida lá fora. Por enquanto, estou viajando na internet sem
sair de casa. Quem sabe, pelo carnaval eu não decole por essas quebradas do
mundaréu atrás de não sei bem o quê. Antes, preciso encontrar parceria e
ajustar as ferramentas de voo. Salientando que não sou mais extremista, não
pego mais carona na beira da estrada, apenas sigo meu instinto como uma ave de
arribação. Gostaria de viajar com uma pessoa de mais de cinquenta anos que não
faça a linha medrosa/ansiosa/. Que seja animada, e com bom papo. Não ajuda
romper estrada com alguém desconfiado e desanimado. Para usar o velho bordão,
tem que entrar no clima meio aventureiro de toda viagem desse tipo. Porque, por
mais planejada que seja uma viagem longa e meio sem destino certo, o legal é
ter como única certeza, a incerteza. Bora?
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