Se eu disser tudo o que está entalado na minha garganta,
como é que vou reter novos impropérios? Portanto, em um ato instintivo de
revolta e complacência, eu digo: “vai catar piolho em macaco, depois exploda
que eu recolho os cacos”.
Em um ato insólito, vou botar um chapéu de couro na
cabeça e comparecer a um ato mais ou menos solene, na Câmara de Vereadores de
Itabaiana, neste sábado, para assinar o livro de posse na Academia de Cordel do
Vale do Paraíba. Dar os parabéns aos colegas que veem de outras cidades no Rio
Grande do Norte, Pernambuco e interior da Paraíba, uns caras sonhadores que
acreditaram nessa empreitada lítero-recreativa, porque, se não for utopista não
é poeta.
Em um ato meio que idiota, vou cumprir minha pauta de
começo de ano e produzir o jornal EVOLUÇÃO, a circular na cidade Itabaiana do
Norte, depois de 50 anos. O jornaleco literário e de guerra foi pensado e
escrito pelo estudante Chico Veneno. Circulou pela primeira vez em 7 de setembro
de 1964, naquele ano e que o Brasil virou um imenso quartel sem lei.
Em um ato sensível, por mais duro que possa parecer, o
velho Leão lembra com certo lirismo do seu neto que acaba de nascer, que esses
atos são cheios de ternura e delicadeza. Depois, muito tempo depois, é que a
porquinha torce o rabinho, mas aí já são outros momentos.
Em um ato fantasioso, imagino um país que não precise presumir
que um rapaz é bandido só porque ele usa boné, bermuda, mora nas quebradas, tem
andar de marinheiro e veste preto básico na pele.
Em um ato apoiador, concordo em gênero, número e degrau
com meu compadre Luciano Marinho, Secretário de Cultura de Itabaiana, que quer
proceder ao tombamento do que resta dos prédios históricos da cidade centenária
onde nasceu Sivuca.
Em um ato de reconhecimento, agradeço imensamente a Jacy
Mendes, Rosival e comadre Cassiana, que estão ainda na luta pela manutenção do
Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, agora sem água nem energia, mas com a força
da boa vontade desse trio. O Ponto morreu? Para os tolos, sim. Mas, mal sabem
eles (os babacas) que tudo não passa de uma estratégia nossa que, do alto de
nossa sapiência, demos um passo para trás, para podermos dar vários para
frente, no futuro. Quem viver, brilhará conosco. Sim, e damos graças ao
compadre José Mário Pacheco que nunca se afastou e sempre nos apoia com metade
do aluguel do prédio. O Ponto pode até acabar, mas nossa amizade será para
sempre.
Em um ato institucional nº 01, o poeta Sander Lee decreta
que a próxima reunião ordinária, sem ser banal nem chué, da Academia de Cordel
do Vale do Paraíba, será na sub-sede em Ingá, na Fazenda Senzala, sob as ordens
do sultão Vavá da Luz. Será proibido cuspir no chão, arroto choco e declamar
poesia ruim.
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