terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Clientelismo ainda é estratégia principal dos políticos de minha terra



Faça e não peça votos em troca, porque senão todo seu discurso humanitário cai por terra. Acredito na boa vontade das pessoas, sem querer nada em troca. É raro, mas existe esse tipo de ação. Eu disse isso a um rapaz chamado Aglair, que mora no sítio Cariatá, na zona rural de Itabaiana. Ele comprou uma ambulância “com recursos próprios” para transportar pacientes de sua região. “Trabalho com meus próprios recursos e realizo essas ações sem segundas intenções, pois sempre fiz e pretendo fazer o que estiver ao meu alcance para ver a satisfação dos meus conterrâneos”, disse ele.

O samaritano Aglair Lúcio de Oliveira deve ser uma pessoa legal, mas começa pecando por fazer propaganda dos favores que presta. Pesquisando no Google, vejo que o jovem samaritano cariataense é personagem principal em diversas matérias onde aparecem os pacientes agradecendo pelo favor. Em outra página da internet, Aglair é apresentado como candidato a vereador, e aí entendi tudo. Trata-se de estratégia política clientelista, manobra que deu certo para um certo vereador local, motorista da Prefeitura que aprendeu o “caminho das pedras” do clientelismo e nunca mais perdeu eleição. Em 2012, Aglair de Cariatá ficou como suplente de vereador pelo PSD, obtendo 342 votos.

No Dicionário Informal, clientelismo “é um sub-sistema de relação política - em geral ligado ao coronelismo, onde se reedita uma relação análoga àquela entre suserano e vassalo do Sistema Feudal, com uma pessoa recebendo de outra a proteção em troca do apoio político”. Portanto, prática que se concretiza quando o político acomete algum favorecimento (cesta básica, transporte de doente) atrelando o cidadão àquele que o favorece em troca de voto e fidelidade política, prática comum no Brasil - vide voto de cabestro e outros.

“O clientelismo é um destes termos que, como o populismo, usamos de forma recorrente para explicar certos males nacionais que seriam provenientes de uma condição inescapável de país atrasado. Diagnóstico que vem acompanhado de todos os subprodutos que lhe são peculiares. Uma elite constituída de “raposas velhas” que manipulam um povo ignorante e indefeso em função da sua miséria e baixa escolaridade.”, explica o cientista político Paulo M. D’Ávila Filho.

O político Aglair de Cariatá talvez nem saiba, no entanto, sua ação é mais uma prática funesta, clientelística, deseducadora da política democrática e republicana e, cada vez mais, estimuladora da corrupção. Muito por causa desse tipo de manobra, o município tem um dos piores Indicadores de Desenvolvimento Humano da região.

Nenhum comentário:

Postar um comentário