Sou
agnóstico, que é o sujeito sem fé no sobrenatural, mas com a mala cheia de
dúvidas sobre se realmente as células morrem com nossa personalidade, nosso
caráter e tudo o mais que nos faz únicos, quando morremos. Fim das conexões
cerebrais, acaba tudo? Não sei. Prefiro ficar com a reflexão de Shakespeare em Hamlet: “há mais coisas entre
o céu e a terra do que supõe vossa vã filosofia.”
Isso a respeito de
relato de uma criança de dois anos que, supostamente, “viu” o ectoplasma do
avô, morto recentemente. A menininha estava brincando com suas bonecas,
concentrada nos devaneios infantis. De repente, olhou para um recanto da casa
onde seu avô costumava ficar. Seu olhar estático chamou a atenção da avó viúva,
que se arrepiou quando a menina disse: “Ele ta ali”. No local, nenhuma sombra,
as pessoas presentes não viram nada. Certamente, a criança avistou algo que
definitivamente não faz parte dessa dimensão.
Particularmente, tenho
uma experiência ligada a esse lance do desenlace. Quando tinha 10 anos, cheguei
no limiar da vida. Ia morrendo afogado no rio Paraíba. Já quase sendo tragado
pela dona Caetana, vi passar na cabeça um filme rápido de minha curta vidinha
de menino que não sabia nadar e foi pra correnteza para provar aos colegas que
era macho e merecia ser líder da gang. Continuo sendo um cara cético, mas até
hoje me pergunto se o lance tem mesmo um lado espiritual ou faz parte de
transtorno mental de quem está se despedindo da vida.
A crença espírita diz que todas as crianças
são médiuns, ao menos até sete ou oito anos de idade. “É que ainda não estão
totalmente desligadas do mundo espiritual, de onde vieram, e por isso conseguem
manter contato com os seres de lá. Essa seria a explicação para os amigos
imaginários que muitas crianças veem e com quem conversam e brincam”, afirmam
os espíritas.
De um jeito ou de outro, é difícil para
qualquer pai lidar com isso. No meu caso, o assunto me fascina. A mente de uma criança é
um mistério. Respeito profundamente o que não consigo ver e compreender.
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