Lau Siqueira entrega violão para Rosival Silva, monitor do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar |
“Fazer algo por alguém que não
conheço é uma coisa que me deixa sempre muito feliz. Daqui a pouco mais saio
para Itabaiana para a inauguração da Academia de Cordel de Vale do Paraíba.
Levo na bagagem um violão que comprei para o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
Lá, meninos e meninas recebem aulas gratuitas de música. Pode não resolver
muita coisa, mas ajuda. Eu sei que ajuda. E como ajuda! É um pouco a filosofia
do passarinho que leva água no bico para apagar o incêndio. Acho que precisamos
de mais solidariedade e mais desapego. Sempre busco em casa o que não está em
uso para passar adiante. O que não precisamos, não nos pertence mais e pode ser
imprescindível para outra pessoa. Não deixe sobrar na sua casa uma coisa que
pode ser útil em outra casa.” – Lau Siqueira.
Eu consegui
a proeza de juntar uma centena de pessoas para ouvir um recital de poetas de
gabinete, como são chamados os caras que escrevem poesia chamada de cordel.
Isso foi na instalação da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Desconfio que
a maioria daquelas pessoas foi mesmo para ver e tirar fotos com o Secretário de
Cultura do Estado, Lau Siqueira, porque, queira ou não queira, uma autoridade
de alto calão, como diria Sonsinho, ainda é atração nas províncias.
Encontraram
um cara humilde, sem empáfia, que sabe como é difícil e, ao mesmo tempo,
divertido esse negócio de produzir e difundir cultura. É do ramo esse gaúcho da
fronteira. Ele garantiu agenda e pauta para as demandas do interior, para ouvir
esse povo dos cafundós que teima em botar seu bloco na rua e seu canto nos
ares, essa raça que desabafa escrevendo folhetos engraçados, dançando despidos
de índios, ou cantando ciranda. Lau Siqueira, queira ou não queira (essa rima
não tem jeito de não se meter na frase), obstinadamente vai tentar fazer do giro
um giral, que a situação financeira está pecuária, como diria o velho Sonsinho.
A gente nem precisa tanto de grana. Basta um olhar mais interessado e
respeitoso para os projetos, os grupos e os compadres e comadres que renovam o
fazer artístico nessas quebradas.
Na noite dos poetas, Lau
Siqueira entregou um violão ao compadre Val, mestre da música no Ponto de
Cultura Cantiga de Ninar. Olhando bem, Val ainda não é mestre, mas gostaria de
se capacitar para melhor multiplicar os saberes dos sons com a rapaziada. O
maior desafio para um sujeito que chamamos de animador cultural é resistir à
falta dos mínimos recursos para produzir seu trabalho. Val conseguiu com
louvor. Há quatro anos, aprendeu e ensina arte do mosaico e violão no Ponto de
Cultura. Quer uma chance para desenvolver seus dons e guiar com mais
luminescência os seus pupilos. Ele conta com Lau Siqueira. Aí vem de novo o
trocadilho infame: queira ou não queira, mestre Lau ouviu sua choradeira e
talvez levante essa simples bandeira.
Rosival é ÁGAPE na música e na arte. Rosival é a estrela plausivel do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Aplausos tb para todos os outros voluntários de hoje e sempre desta casa cultural tão cativante.
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