Inquisição da Igreja Católica tinha tratamento especial para os que discordavam de suas "verdades" |
“Fábio, evite atacar as religiões, seja ela qual for. Mexe com os sentimentos das
pessoas e só causa constrangimento. Religião é uma coisa sagrada. Você não pode
se guiar só pelo que você pensa, deve ver o que pode atingir gratuitamente as
pessoas e sua religiosidade. Isso não te leva a nada.” Essa mensagem recebi de
uma leitora. Ela diz que me censura em nome de Deus, “para o meu bem.” Adiantou
ainda que tem muito assunto pra falar, para o bem da humanidade. “Por que mexer
com religião, coisa que só fomenta o ódio e a discórdia?”, pergunta ela,
encerrando com chave de cadeia sua censura: “Liberdade de imprensa deve ter
mesmo limites.”
A ideia
dela é simples: deixando de falar em religiões, salvo minha alma e escapo de
ser massacrado, levar um balaço ou cair no chão, vítima de um raio vingador.
Também fui curto e, de certa forma, grosso na resposta: “Fale suas bobagens,
você é livre, e deixe que eu fale as minhas”. Ainda mandei dizer que sou um
pacificador, não estou ao lado dos que defendem trucidar os outros em nome de
catecismos.
Não me
incomoda sua fé, comadre. Respeito e não ofendo as religiões. Apenas me dou o
direito de comentar e condenar práticas fundamentalistas e destruidoras. “Pessoas
merecem respeito, ideias não”. Ao apontoar contradições do cristianismo,
islamismo e outros ismos, até o comunismo que é outra forma de religião, estou
em meu direito. Isso é o que leva às pessoas, grupos e culturas a mudar sua
moral para algo mais racional e humano. Por exemplo, não tolero e vou dizer
sempre que é uma estupidez sacrificar seres inocentes como o galo ou o bode em
rituais religiosos, prática comum nas religiões de raiz africana. Com essa
postura, acho que não estou ofendendo essa crença milenar, apenas pedindo
respeito a todos os seres que merecem respeito. Se critico essas seitas
neopentecostais “pegue pague”, acho que é meu direito de me opor ao uso da
religião como forma de controle e escravização mental de pobres diabos, homens
e mulheres fragilizados pela pobreza material e indigência intelectual.
Longe de
mim, entretanto, promover violência contra símbolos religiosos, magoando as
pessoas. Minhas considerações nesse setor são apenas de cunho filosófico e
humanístico, sem baixarias. Mesmo porque meus familiares são religiosos, têm
suas crenças. Eu jamais iria escarnecer de seus símbolos e de sua fé. Agora, tentar
botar rolha na boca do Leão, até com intimidações, não rola nem cola. Até onde
pode ser, este país é livre e laico. Para mim, a liberdade é um valor ético que
supera a fé no sobrenatural.
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