quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Em nome de Deus, leitora tenta me censurar

Inquisição da Igreja Católica tinha tratamento especial para os que discordavam de suas "verdades"

“Fábio, evite atacar as religiões, seja ela qual for. Mexe com os sentimentos das pessoas e só causa constrangimento. Religião é uma coisa sagrada. Você não pode se guiar só pelo que você pensa, deve ver o que pode atingir gratuitamente as pessoas e sua religiosidade. Isso não te leva a nada.” Essa mensagem recebi de uma leitora. Ela diz que me censura em nome de Deus, “para o meu bem.” Adiantou ainda que tem muito assunto pra falar, para o bem da humanidade. “Por que mexer com religião, coisa que só fomenta o ódio e a discórdia?”, pergunta ela, encerrando com chave de cadeia sua censura: “Liberdade de imprensa deve ter mesmo limites.”

A ideia dela é simples: deixando de falar em religiões, salvo minha alma e escapo de ser massacrado, levar um balaço ou cair no chão, vítima de um raio vingador. Também fui curto e, de certa forma, grosso na resposta: “Fale suas bobagens, você é livre, e deixe que eu fale as minhas”. Ainda mandei dizer que sou um pacificador, não estou ao lado dos que defendem trucidar os outros em nome de catecismos.

Não me incomoda sua fé, comadre. Respeito e não ofendo as religiões. Apenas me dou o direito de comentar e condenar práticas fundamentalistas e destruidoras. “Pessoas merecem respeito, ideias não”. Ao apontoar contradições do cristianismo, islamismo e outros ismos, até o comunismo que é outra forma de religião, estou em meu direito. Isso é o que leva às pessoas, grupos e culturas a mudar sua moral para algo mais racional e humano. Por exemplo, não tolero e vou dizer sempre que é uma estupidez sacrificar seres inocentes como o galo ou o bode em rituais religiosos, prática comum nas religiões de raiz africana. Com essa postura, acho que não estou ofendendo essa crença milenar, apenas pedindo respeito a todos os seres que merecem respeito. Se critico essas seitas neopentecostais “pegue pague”, acho que é meu direito de me opor ao uso da religião como forma de controle e escravização mental de pobres diabos, homens e mulheres fragilizados pela pobreza material e indigência intelectual.

Longe de mim, entretanto, promover violência contra símbolos religiosos, magoando as pessoas. Minhas considerações nesse setor são apenas de cunho filosófico e humanístico, sem baixarias. Mesmo porque meus familiares são religiosos, têm suas crenças. Eu jamais iria escarnecer de seus símbolos e de sua fé. Agora, tentar botar rolha na boca do Leão, até com intimidações, não rola nem cola. Até onde pode ser, este país é livre e laico. Para mim, a liberdade é um valor ético que supera a fé no sobrenatural. 

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