De tempos em tempos, retomo um
projeto há muito acalentado: o de percorrer a Paraíba em visita às pequenas
cidades onde funcionam rádios comunitárias, conversar com os caras que atuam
nessas emissoras, conhecer as histórias de superação para montar essa mídia tão
perseguida e incompreendida. Em Soledade, sertão paraibano, uma rádio
comunitária já foi queimada por três vezes. Comentando o caso, colega nosso
apelou para o humor de tom acinzentado: “é uma rádio churrasco.”
Queria influenciar a imaginação de
alguém para me acompanhar nessa peregrinação, conseguir algum recurso e pegar a
estrada, sem rumo certo, conhecer recantos dessa Paraíba velha inimagináveis
para o turista normal, fugir das rotas convencionais para dar de cara com
pessoas, lugares e fatos inesperados, charmosos, engraçados, comoventes,
bonitos e misteriosos que há por aí, em cidadezinhas insuspeitas. Mas, falta
grana, equipamento, apoio logístico, patrocínio.
Leonardo Boff nos lembra que “ainda há lugar para a esperança e a auto estima”. Sempre há tempo para a invenção de um novo estilo de vida. Neste 2015, completo 60 anos de idade e 42 anos que saí da Paraíba com uma mochila nas costas para conhecer o Brasil a pé. Cheguei até Manaus, quase morri de fome e malária nos garimpos do fim do mundo, nesse Brasil perdido dos confins do Pará e Maranhão, virei hippie e conheci as periferias empobrecidas, a diversidade cultural dos ignorados de um país desconhecido. Tenho vontade de retomar essa aventura, em grau muito menor, claro. Só desejo ir até ali, nas bordas da Paraíba com os contornos de Pernambuco e Ceará, investigar um pouco essas experiências de dar voz a quem nunca teve voz. Bora?
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