terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Compadre Ricardo Ceguinho quer montar minha peça mariense

Ricardo (direita) com o prefeito de Mari, compadre Marcos Martins

Ricardo Alves, o comunicador da Rádio Comunitária Araçá, de Mari, é teatrista amador, com atuação nas peças “A peleja de Lampião com o Capeta”, “Mari, Araçá e outras árvores do Paraíso” e “Cantiga de Ninar na Rua”, todas de minha autoria, quando dirigia o Coletivo Dramático de Mari – CODRAMA - nas décadas 80/90.
Pela “expressiva contribuição” que dizem ter prestado à cultura de Mari, já recebi diversas homenagens, entre medalhas, títulos honoríficos na Câmara de vereadores e diplomas de honra ao mérito. A maior delas é quando alguém se propõe a preservar minha obra, que é o caso desse incansável divulgador da cultura local, meu considerado Ricardo Alves.

O escritor americano Paul Auster disse que “o homem não tem uma única e mesma vida, mas várias arranjadas de ponta a ponta”. Fui e sou testemunha e coletor das manifestações culturais do meu povo em vários frontes, entre eles Mari, onde morei por doze anos. Fiz pesquisas e contextualizei a história desse município paraibano na peça “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”, espetáculo que estreou em 1988 e fez razoável carreira, apresentando-se até aqui na capital da Parahyba do Norte, no auditório do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba em 23 novembro daquele ano, numa promoção da turma concluinte do curso de Ciências Biológicas, sob a direção do teatrólogo Carlos Cartaxo.

Ricardo Alves faz o programa “Gonzagão, sua vida e sua obra”, na Rádio Comunitária Araçá, de Mari, emissora que fundei com outros companheiros e companheiras marienses em 1998. No campo artístico, ele quer reviver o movimento teatral da cidade, com a montagem da peça “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso” em 2015, para o que pediu minha autorização. Não só concedo o direito de remontar o espetáculo como me disponho a colaborar na direção, acreditando na trajetória de vida e amor pela arte de pessoas como Ricardo, Ozaneide Vicente, Severino Batista, Tadeu e outras figuras que estavam nos nossos fazeres e viveres marienses nos bons tempos.

Não querendo ser melhor do que ninguém, mas preciso registrar que esta peça e o livro do mesmo nome representam a primeiríssima tentativa consciente e objetiva de plasmar uma imagem desse município através da arte, que é “uma opção de vida contra toda e qualquer forma de opressão: social, intelectual, estética, política...”, no entendimento do revolucionário artista plástico Hélio Oiticica. Por isso, sinto-me exultante pela iniciativa de Ricardo Alves, a quem chamo de Ceguinho por causa do seu problema visual. No entanto, esse “cego” é mesmo um visionário, idealista e sonhador por uma Mari mais civilizada e iluminada.  

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