quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

EU NÃO PRESTO


“Quem anda de bicicleta não presta”: moradores de áreas nobres de São Paulo acionam Ministério Público contra ciclovias


“Eu surtei quando vi a faixa da Prefeitura”, afirma a médica Célia Funari, de 47 anos. A indignação começou depois da circulação de um comunicado do governo municipal aos moradores do Jardim Paulista, no final de novembro, sobre a chegada de uma ciclovia na Rua Honduras, travessa residencial com casas de alto padrão na zona sul de São Paulo. Moradora na rua, Célia mandou carta aos vizinhos pedindo apoio contra a iniciativa. Em dois dias, ganhou adesão em massa.
Alguns moradores da Rua Honduras também temem assaltos por causa da faixa. “Quem anda de bicicleta não presta, hoje nós sabemos disso. São pessoas não qualificadas. Então vamos ficar sujeitos a esses riscos aqui?”, questiona o aposentado Francisco Augusto da Costa Porto, de 74 anos. (Jornal do Brasil)
“A elite brasileira é atrasadíssima e semeia o ódio”, disse Guilherme Boulos, líder campesino. É significativo o fato de que milhares de pessoas não tenho nenhuma vergonha de sair nas ruas, mostrando a cara e defendendo uma intervenção militar, um golpe militar, segregação do País, morte a nordestinos, pobres e homossexuais. Um sentimento que vem da Casa Grande e repercute numa classe média principalmente no Sul e Sudeste.
Esse tipo de percepção atinge agora até quem anda de bicicleta. Mede-se a cidadania pelo meio de transporte utilizado. Quem anda de ônibus coletivo ou de bicicleta é tratado de forma diferente. Frederico disse que quem usa bicicleta, ou não tem dinheiro ou tem consciência, dois tipos de gente perigosa. Nos países adiantados socialmente, os ciclistas são respeitados, existem ciclovias, bicicletários e leis decentes. Aqui, somos apenas vermes em cima de bicicletas, atrapalhando o trânsito. Ciclista é sinal de pobreza e marginalização. Acham que deprecia a imagem desses pobres de mentalidade.
A bicicleta traz saúde, opção de mobilidade sustentável e preservação do meio ambiente, mas não tem prestígio em nosso mundinho escroto. O filósofo Isah Andreoni afirma que “o que nos impede de usar a bicicleta em nossa rotina está em nossa cabeça, nas associações que estabelecemos em relação a esse meio de transporte, tendo o carro como referência”.
A respeito da matéria do jornal sobre o morador de área nobre de São Paulo que não quer bicicletas por perto, o jornalista Jamarri Nogueira debocha: “Dados estatísticos mostram que ciclistas são responsáveis por 90% dos acidentes com mortes em vias urbanas e que eles, os ciclistas – também teriam responsabilidade direta no aumento do buraco da camada de ozônio, sendo – inclusive – protagonistas do escândalo da Petrobras e incentivadores da privataria tucana. Regina Duarte já disse que tem medo de ciclistas...”


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