quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Jornalismo de resistência completa meio século

Na biologia, evolução é o processo através no qual ocorrem as mudanças ou transformações nos seres vivos ao longo do tempo, dando origem a espécies novas.

Do ponto de vista social e político, é a tese que pega o evolucionismo biológico e aplica nas sociedades humanas. Com esse mote, o jornalista itabaianense Francisco Almeida fundou o jornal EVOLUÇÃO, circulando pela primeira vez em 7 de setembro de 1964, o ano em que o Brasil involuiu politicamente, retrocedeu aos golpes dos coturnos dos militares. Influenciando pelas ideias esquerdistas, Francisco teve a coragem de ir de encontro à ordem vigente, batendo de frente com os “gorilas” fardados ao editar um jornal de oposição.

Chico Veneno, como era conhecido, deixou um legado substancioso de coragem e paixão pela justiça social. Não conheci pessoalmente essa figura polêmica, líder estudantil que deixou seu registro de cultura e resistência política com seu jornal. Recentemente tive acesso a cópias da primeira edição do EVOLUÇÃO, completando 50 anos que circulou em Itabaiana. Sua irmã, Lourdinha Almeida, gentilmente me repassou esse importante memorial itabaianense e me autorizou a refundar o jornal, o que farei em janeiro de 2015.

Como viveria Francisco Almeida hoje, uma época em que acabou a ideia da revolução? Ele se adaptaria a esse mundo sem utopia, individualista e globalizado? Chico era a utopia em estado puro.   
A ingrata verdade é que nossa Itabaiana, hoje, se encontra em um estágio involutivo culturalmente falando que causa piedade. Há 50 anos, o cenário era mais animador. O ontem e o hoje se encontram nesses registros, e é meu desejo pegar esse fio condutor à perpetuação da história social e cultural da terra de Chico Veneno.

Fica aqui estabelecido esse compromisso em não apenas dar conhecimento às novas gerações do jornalismo combativo que se fazia na década de 60 em Itabaiana, mas - e principalmente – retomar a necessária reflexão sobre o desenvolvimento humano, que teimamos em esquecer.

Meus agradecimentos públicos a Lourdinha Almeida e à assistente social Jacibete Mendes, essa última parceira entusiasmada de nossos projetos jornalísticos, em sintonia de propósitos com a ideia um tanto romanesca de se fazer jornal em uma terra onde, há cinquenta anos, tínhamos dois jornais circulando semanalmente, uma gráfica oficial da Prefeitura a pleno vapor, e atualmente vive-se um deserto nessa área. 




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