Na biologia, evolução é o processo através no qual ocorrem as mudanças
ou transformações nos seres vivos ao longo do tempo, dando origem a espécies
novas.
Do ponto de vista social e político, é a tese que pega o evolucionismo
biológico e aplica nas sociedades humanas. Com esse mote, o jornalista
itabaianense Francisco Almeida fundou o jornal EVOLUÇÃO, circulando pela
primeira vez em 7 de setembro de 1964, o ano em que o Brasil involuiu
politicamente, retrocedeu aos golpes dos coturnos dos militares. Influenciando
pelas ideias esquerdistas, Francisco teve a coragem de ir de encontro à ordem
vigente, batendo de frente com os “gorilas” fardados ao editar um jornal de
oposição.
Chico Veneno, como era conhecido, deixou um legado substancioso de
coragem e paixão pela justiça social. Não conheci pessoalmente essa figura
polêmica, líder estudantil que deixou seu registro de cultura e resistência
política com seu jornal. Recentemente tive acesso a cópias da primeira edição
do EVOLUÇÃO, completando 50 anos que circulou em Itabaiana. Sua irmã, Lourdinha
Almeida, gentilmente me repassou esse importante memorial itabaianense e me
autorizou a refundar o jornal, o que farei em janeiro de 2015.
Como viveria Francisco Almeida hoje, uma época em que acabou a ideia da
revolução? Ele se adaptaria a esse mundo sem utopia, individualista e
globalizado? Chico era a utopia em estado puro.
A ingrata verdade é que nossa Itabaiana, hoje, se encontra em um estágio
involutivo culturalmente falando que causa piedade. Há 50 anos, o cenário era
mais animador. O ontem e o hoje se encontram nesses registros, e é meu desejo
pegar esse fio condutor à perpetuação da história social e cultural da terra de
Chico Veneno.
Fica aqui estabelecido esse compromisso em não apenas dar conhecimento
às novas gerações do jornalismo combativo que se fazia na década de 60 em
Itabaiana, mas - e principalmente – retomar a necessária reflexão sobre o
desenvolvimento humano, que teimamos em esquecer.
Meus agradecimentos públicos a Lourdinha Almeida e à assistente social
Jacibete Mendes, essa última parceira entusiasmada de nossos projetos
jornalísticos, em sintonia de propósitos com a ideia um tanto romanesca de se
fazer jornal em uma terra onde, há cinquenta anos, tínhamos dois jornais
circulando semanalmente, uma gráfica oficial da Prefeitura a pleno vapor, e
atualmente vive-se um deserto nessa área.
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