Palhaço Dadá |
“Nesses movimentos das frentes de
direita e de algumas frentes de esquerda, virou costume uns se referirem aos
outros como “palhaços” em tom de grave acusação, ou misturando-se a outros
palavrões. Que bom seria que, além de tantas outras coisas, tirassem os
palhaços “dessa história”... Uma das artes mais antigas, e feita por pessoas
que merecem todo o nosso respeito! Quem dera boa parte de alguns desses idiotas
fossem de fato palhaços! Deixem os palhaços fora disso!” - Valeska Asfora
Dadá Venceslau foi convidado pelo
Governo do Estado da Paraíba para funcionar como mestre cerimônia de um evento
no Teatro Santa Rosa, em João Pessoa, onde o escritor Ariano Suassuna daria uma
de suas famosas aulas espetáculo. Dadá apareceu devidamente caracterizado como
o palhaço Dadá. Suassuna começou a conversa e nesse papo lá iam duas horas de
muita animação na plateia, mantida em estado de graça pela verve do folgazão
das letras e dos cantos gerais do povo nordestino.
Impacientes, os organizadores
chamaram Dadá no reservado e pediram:
--- Vá lá no mestre Ariano, leve mais
água e aproveite para dizer que o tempo dele já acabou.
Assim fez Dadá Venceslau. Transmitiu
o aviso ao pé do ouvido. O “homem espetáculo” não pensou duas vezes:
--- Digníssima plateia, esse palhaço
ta pedindo para eu sustar a conversa. Eu atendo ou não ao palhaço?
A assistência foi ao delírio e o
palhaço Dadá ficou procurando um buraco para se socar dentro. No final, o
mestre revelou:
--- Gente, eu queria confessar uma
coisa: meu sonho sempre foi ser palhaço. Supondo que essas risadas que vocês me
ofereceram foram para minhas dissimuladas tiradas de bufão frustrado, quero
dividir os aplausos com este palhaço mestre de cerimônia.
As palmas recrudesceram. O palhaço
Dadá ganhou um forte abraço de Ariano Suassuna e saiu do teatro feito anjo
habitante da parte do cosmos onde deus inventa prazer e júbilo.
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