O palhaço Papada
garante que só usa luvas de couro de buceta criada em cativeiro. Por causa disso,
responde a processo no Tribunal das Mulheres Livres e Independentes e Vadias.
Ele fala, obviamente, por metáfora, que é aquele bichinho que mete dentro e
mete fora, mete dentro e mete fora... No fim, mete fora. Por isso, metáfora. Já
dizia a crônica histriônica: circo que preste tem que ter palhaço safado.
O título de palhaço
mais safado do circo mambembe não é pra qualquer um. Pois bem. Palhaço Papada é
um palhaço bolsa-família. Ele garante que a maldição de qualquer palhaço é
ficar rico. Palhaço rico perde a graça e fica meio canalha, vide Renato Aragão,
aliás, Doutor Renato Aragão, conforme exige ser chamado.
Um parêntese para
esclarecimento: esse palhaço Papada é irmão daquele palhaço Estrelinha que fica
ali no contorno do Conjunto Residencial Com Licença da Palavra General Ditador
Ernesto Geisel. Estrelinha passa o dia falando sozinho e levantando a gravata
para os motoristas que param no sinal, recolhendo suadas e tristes moedinhas. Palhaço tem noivado eterno com a miséria.
Meu compadre velho Jacinto
Moreno é o ator que interpreta o Palhaço Papada. Viver a vida na graça e na
gaitada é seu dever moral e cívico. Do alto da sua prosopopeia, Jacinto/Papada
alerta aos desavisados: não chame político reacionário ou gente imprestável de
qualquer coloração de palhaço. Respeite as caras pintadas. Palhaçada tem limite
e tem dignidade. Um palhaço é fácil de ser reconhecido: é aquele que veste
roupas grandes e coloridas, parecidas com as bandeiras do movimento LGBT,
sapatos enormes do bico fino, cabeleira sarapintada e voz gasguita. Os que
vestem terno, gravata e andam com malas cheias de dólares, os que pintam a cara
de amarelo diarreia da hipocrisia, devotos de Santo Estelionatário, não são
palhaços. Podem ser chamados de prefeitos corruptos, deputados idem, pastores
“pegue pague” ou outros germes dessa categoria.
A lenda diz que o
primeiro palhaço apareceu a cinco mil anos A.C. (Antes do Carnaval) em uma
aldeia com alto nível de Q. I. (quanta ignorância), onde o rei andava nu, sendo
ovacionado (sem ovos!) pelo povo que aceitava a versão oficial de que o monarca
nudista vestia linda roupagem encantada, portanto invisível. Um gaiato apontou
o cu de vossa majestade e todo mundo caiu na risada. Pronto, surge no picadeiro
o palhaço inaugural na pele daquele súdito zombeteiro.
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