domingo, 23 de agosto de 2015

Com vocês, o palhaço Papada!



O palhaço Papada garante que só usa luvas de couro de buceta criada em cativeiro. Por causa disso, responde a processo no Tribunal das Mulheres Livres e Independentes e Vadias. Ele fala, obviamente, por metáfora, que é aquele bichinho que mete dentro e mete fora, mete dentro e mete fora... No fim, mete fora. Por isso, metáfora. Já dizia a crônica histriônica: circo que preste tem que ter palhaço safado.

O título de palhaço mais safado do circo mambembe não é pra qualquer um. Pois bem. Palhaço Papada é um palhaço bolsa-família. Ele garante que a maldição de qualquer palhaço é ficar rico. Palhaço rico perde a graça e fica meio canalha, vide Renato Aragão, aliás, Doutor Renato Aragão, conforme exige ser chamado.

Um parêntese para esclarecimento: esse palhaço Papada é irmão daquele palhaço Estrelinha que fica ali no contorno do Conjunto Residencial Com Licença da Palavra General Ditador Ernesto Geisel. Estrelinha passa o dia falando sozinho e levantando a gravata para os motoristas que param no sinal, recolhendo suadas e tristes moedinhas.  Palhaço tem noivado eterno com a miséria.

Meu compadre velho Jacinto Moreno é o ator que interpreta o Palhaço Papada. Viver a vida na graça e na gaitada é seu dever moral e cívico. Do alto da sua prosopopeia, Jacinto/Papada alerta aos desavisados: não chame político reacionário ou gente imprestável de qualquer coloração de palhaço. Respeite as caras pintadas. Palhaçada tem limite e tem dignidade. Um palhaço é fácil de ser reconhecido: é aquele que veste roupas grandes e coloridas, parecidas com as bandeiras do movimento LGBT, sapatos enormes do bico fino, cabeleira sarapintada e voz gasguita. Os que vestem terno, gravata e andam com malas cheias de dólares, os que pintam a cara de amarelo diarreia da hipocrisia, devotos de Santo Estelionatário, não são palhaços. Podem ser chamados de prefeitos corruptos, deputados idem, pastores “pegue pague” ou outros germes dessa categoria.  

A lenda diz que o primeiro palhaço apareceu a cinco mil anos A.C. (Antes do Carnaval) em uma aldeia com alto nível de Q. I. (quanta ignorância), onde o rei andava nu, sendo ovacionado (sem ovos!) pelo povo que aceitava a versão oficial de que o monarca nudista vestia linda roupagem encantada, portanto invisível. Um gaiato apontou o cu de vossa majestade e todo mundo caiu na risada. Pronto, surge no picadeiro o palhaço inaugural na pele daquele súdito zombeteiro. 


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