quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Aprendendo na cordelteca da Fundação Casa de José Américo de Almeida

A mãe de Altimar Pimentel foi a primeira mulher a escrever um folheto na Paraíba

Maria das Neves Pimentel
Assis Vilar é um sujeito muito gentil que toma conta do setor de cordel da Fundação Casa de José Américo, na praia do Cabo Branco, em João Pessoa. Agradeço ao nobre Vilar por ter aberto os arquivos de literatura de cordel. Atribuo a esse generoso senhor a nota máxima em matéria de cordialidade. Vi muita coisa interessante no mundo da literatura de cordel, onde confesso que sou um calouro, um cordelista retardatário, digamos assim.
Foi então que fiquei sabendo que a mãe de Altimar Pimentel foi a primeira mulher a escrever um folheto na Paraíba. Altimar é considerado um dos maiores folcloristas do Estado, ao lado do itabaianense Tenente Lucena. Em 1938, dona Maria das Neves Batista Pimentel escreveu o 'romance' "O viulino do diabo ou o preço da honestidade”, que foi publicado pelo seu pai, Francisco das Chagas Batista, considerado um dos pais do cordel brasileiro. Ela publicou ainda os folhetos “O amor nunca morre” e “O Corcunda de Notre Dame”, transposições de clássicos da literatura universal, uma fixação dos cordelistas.
Uma mulher escrevendo literatura de cordel no começo do século vinte é raridade. As mulheres não faziam parte desse universo, pelo menos como partícipes diretas. Mulher que escrevia cordel assinava com nome masculino, para ser respeitada. Dona Maria das Neves assinava Altino Alagoano, uma voz feminina no mundo do cordel, disfarçada de homem. Preferiu usar o nome do marido para poder vender os folhetos.
“Maria das Neves trabalhava na Popular Editora com o pai, usavam os moldes de folhetos em sua forma 12cmx16cm, os mais antigos. Francisco das Chagas acompanhou seu parente Antônio Silvino e produziu vários folhetos que contavam a trajetória no cangaço. Muitos folhetos eram distribuídos em Macau, Rio Grande do Norte.” (Trecho de matéria na internet) Mais uma novidade:  o avô de Altimar Pimentel foi grande no cordel e era primo do lendário Antonio Silvino.
Enfim, Aderaldo Luciano, que é o grande estudioso da literatura de cordel, tem muita informação sobre essa poetisa em seus livros. Vou ver se encontro essas obras nos sebos.




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